Procuradores concedem entrevista coletiva (Foto: MPF)

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, os procuradores do Caso Cachoeira no Ministério Público Federal, Lea Batista e Daniel de Resende Salgado, informaram à imprensa que a companheira do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça é investigada em dois inquéritos policiais. O primeiro apura o crime de lavagem de dinheiro e corrupção. De acordo com o MPF, a intenção da quadrilha era por no nome da companheira de Cachoeira a fazenda Santa Maria, no município goiano de Luziânia, adquirida pela organização criminosa e avaliada em R$ 22 milhões. A segunda investigação é por corrupção ativa. Pelos crimes, se condenada, ela pode pegar até 22 anos de prisão (pena máxima prevista para o primeiro caso é de 12 anos e para o segundo é de 10 anos).

O MPF classifica Andressa como “mensageira” do grupo que seria comandado por Cachoeira. Ela foi conduzida à força para sede da Superintendência da Polícia Federal nesta segunda-feira (30), além de ter sido cumpridos mandados de busca e apreensão em sua residência. De acordo com os documentos encaminhados pela Justiça Federal aos procuradores da República Léa Batista, Marcelo Ribeiro e Daniel de Resende Salgado, a companheira de Carlinhos Cachoeira teria chantageado o juiz Federal Alderico Rocha, responsável pelo julgamento do caso.

Na quinta-feira passada, 26, um dia após a realização da audiência de instrução processual, Andressa Mendonça compareceu ao prédio da Justiça Federal em Goiânia e pediu para falar com o juiz Alderico Rocha. Ela foi recebida no gabinete do magistrado e teria chantageado o juiz, visando a revogação da prisão preventiva e a absolvição de Carlinhos Cachoeira.

“A ousadia da companheira de Carlinhos Cachoeira ao chantagear e ofertar vantagem ao juiz federal, somada as galhofas observadas durante a audiência, mostra o desprezo e a afronta de Carlos Augusto de Almeida Ramos e de pessoas ligadas ao capo do grupo criminoso aos órgãos de persecução e ao poder judiciário. A gravidade do fato é latente, uma vez que a chantagem a um magistrado, no exercício de suas atribuições, com o escopo de pressioná-lo a decidir conforme os interesses do preso, é uma afronta ao próprio Estado Democrático de Direito. É fato inadmissível e que deve ser neutralizado, de forma rigorosa, pelas agências formais de controle”, afirmaram os procuradores da República.

Para o MPF, a investigação feita pelo grupo criminoso sobre a vida do juiz só vem a demonstrar que o grupo continua ativo, continuando a desenvolver ações de enfrentamento ao próprio Estado. “É mais um método utilizado por organizações criminosas para tentar garantir a impunidade de seus membros”.