Daniel Vilela (Foto: Sagres On) 

A frase pareceu escolhida a dedo para a ocasião, embora a ideia que ela carrega não seja de todo nova: “Caiado e Eliton são farinha do mesmo saco”, disse o pré-candidato a governador do MDB, Daniel Vilela, ao programa Manhã Sagres, da Rádio Sagres 730 desta segunda-feira (2).

A referência ao fato de que o hoje tucano José Eliton foi indicado vice de Marconi Perillo (PSDB) em 2010 pelo DEM de Ronaldo Caiado – e de Demóstenes Torres, no auge, antes de perder o mandato no rastro do caso Cachoeira – já foi usada como munição algumas vezes, no embate entre cabalistas e vilelistas.

Chama atenção, porém, em virtude do novo contexto. Neste momento, Caiado e Eliton promovem uma polarização conveniente, como se combinada. Como resultado, Daniel é escanteado no debate. E, quanto mais escanteado, melhor para governador e senador, que se consolidam como protagonista da disputa ‘pra valer’.

Reforça isso números recentes de pesquisas que mostram Caiado estabilizado, Eliton subindo e Daniel ou ouscilando ou caindo. Daniel não só ajusta sua mira para cima, como ressuscita o argumento de que é oposição de fato, uma vez que Caiado integrou a base governista até, pelo menos, 2014, quando foi eleito senador com apoio do MDB.

“Caiado não pode negar que o desconhecido José Eliton (atual governador)  foi tirado do bolso do colete dele para ser indicado vice de Marconi na campanha de 2010”, atacou Daniel na entrevista, reforçando que o MDB nunca fez aliança com o PSDB, ao contrário o DEM.

Daniel: “Se Eliton hoje ocupa o cargo e é pré-candidato a governador, isso é fruto do desejo do senador Caiado. Eles representam o mesmo grupo político, as mesmas práticas, por isso que sempre digo que nós é que temos a legitimidade da oposição.”

Foi como oposição que ele disse concordar com a iniciativa de Caiado, que apresentou requerimento ao Senado para ouvir o presidente da Caixa e o ministro da Fazenda sobre empréstimo de R$ 510 milhões pleiteado pelo Estado.

Para o senador, essa operação é inconstitucional e aumenta o endividamento do Estado. Para o governador, a cobrança é eleitoreira. Daniel, à Sagres 730, propôs que todos os candidatos a governador questionassem a operação.

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Mas fez isso com a ressalva de que já tinha se posicionado antes em relação à contas do governo: “Levei ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e à Secretaria do Tesouro Nacional (STN) minha preocupação com a gestão financeira do Estado. A folha de pagamento apresenta um déficit de R$ 3,6 bilhões. Isso significa que, nas palavras do conselheiro relator das contas do governo, o Estado corre o risco de não conseguir pagar os servidores públicos em novembro e dezembro.”

Ainda no papel de oposição, Daniel criticou o programa Goiás na Frente, liderado por José Eliton como vice e, agora, como governador. Segundo ele, para n!ao liberar o dinheiro acordado com os municípios, “o governo sempre cria dificuldades”. 

Jaime Rincón, o “boquirroto”

Na mesma entrevista, Daniel definiu o presidente da Agetop, Jaime Rincón, de “boquirroto”, ao ser mencionado que, também à Sagres 730, o tucano avaliou que o racha na oposição é irreversível. O Estado, afirmou Daniel, tem mais de 300 obras paradas e é com isso que Jaime deveria se preocupar, “e não em ficar dando pitaco em quintal alheio”.

Jaime foi alvo igualmente de Ronaldo Caiado na semana passada, depois de falar à rádio. Caiado o chamou de “Paulo Preto do Marconi (Perillo)”, em ressoa ao presidente da Agetop tê-lo definido como “um Bolsonaro piorado”. Paulo Preto é apontado como operador financeiro do PSDB.

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Iris na campanha

Daniel disse que o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, vai participar mais de sua campanha este mês. Nesta terça, ele se reúne com prefeitos do partido, na Capital. Com Iris, especificamente, há pelo menos um grande evento previsto para o final de junho.

Há motivação de sobra para Iris querer a sua vitória, segundo Daniel. “Ele está cansado de ser prefeito de oposição em Goiânia”, observou. “O governo esta ausente de Goiânia faz tempo.”

Nos próximos dias, o emedebista vai apresentar a chapa de candidatos a deputado estadual e federal. O MDB tem duas datas em vista para sua convenção: dia 28 ou dia 4 de agosto.

Plano de governo

O pré-candidato do MDB disse que tem grupos temáticos discutindo propostas para o seu plano de governo. “Vamos apresentar propostas ousadas para Goiás”, falou. Para ele, vai ganhar a eleição “quem apresentar o melhor projeto para o Estado, e passar credibilidade, será o vencedor”.

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