A Polícia Civil (PC) apresentou na manhã desta sexta-feira (19), na sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO) em Goiânia, o relatório a respeito das investigações sobre o desaparecimento da técnica em enfermagem Deise Faria Ferreira, de 41 anos, ocorrida no dia 11 de julho de 2015, após participar de um ritual do Santo Daime em uma chácara próxima à capital.
Cláudio Pereira Leite, de 44 anos, líder da seita religiosa, e o engenheiro agrônomo Antônio Davi dos Santos Filho, de 40, foram presos suspeitos de envolvimento no sumiço de Deise. Peças de roupa da vítima foram encontradas próximo ao local onde ela teria desaparecido.
O delegado Thiago Damasceno, chefe do Grupo Anti-Sequestro da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), afirma que Antônio Davi mentiu ao afirmar em depoimento que não havia encontrado com Deise na noite do desaparecimento.
“A polícia comprova que ela não desapareceu, como o Antônio narrou. A polícia prova que ela esteve com o Antônio após sair da chácara. Uma das peças de roupa que ela usava foi devolvida, dentro do veículo pelo Antônio. Então ele tem que dar uma explicação do que aconteceu com ela, e não simplesmente dizer que saiu da chácara e não encontrou mais a Deise”, ressalta.
O delegado esclarece ainda os motivos pelos quais foi realizada a prisão do líder da seita, Cláudio Pereira Leite. Thiago Damasceno acredita que o comportamento de Leite não é condizente com o de alguém que perdeu uma pessoa próxima e que pertence à mesma religião.
“Pela ocultação de cadáver. Pela compostura dele desde o início, de manipular testemunhas, de coagi-las, de tentar prejudicar a investigação, seja por meio do habeas corpus, seja por meio de encomendas de trabalho de macumba, enfim, ele demonstrou que tinhas razões para atrapalhar a investigação. Um comportamento não compatível com alguém que tem um ente próximo ou da mesma religião que está desaparecido”, explica.
Sem saber do paradeiro do corpo da vítima, o delegado reforça que outras pessoas que prestaram depoimento dias após o desaparecimento poderão ser indiciadas por motivo de falso testemunho.
Familiar da vítima presente
Um dia após o desaparecimento da auxiliar de enfermagem, Antônio Davi dos Santos Filho levou o carro de Deise até a casa dela, para devolvê-lo à família, junto com a peça de roupa que supostamente havia encontrado. O automóvel é um modelo GM Celta, de cor prata.
A filha de Deise, Apoena Maria de Sousa, que esteve presente durante apresentação do relatório na Deic, clama por denúncias sobre o paradeiro da mãe. “Que a justiça seja feita e que todos os culpados paguem pelo que eles fizeram com a minha mãe. A gente pede que Deus e quem viu o Celta prata no dia 11 ou no dia 12, em qualquer lugar, que faça a denúncia, porque às vezes pode ser o lugar que o Antônio desovou o corpo da minha mãe”, ressalta.