Entre tantos clássicos na Série A do Campeonato Brasileiro, quem realmente chamou atenção no último final de semana foi um modesto clube da Série D. Diretamente do Amazonas, o jovem Manaus roubou a cena com público recorde na Arena da Amazônia e um acesso inédito para a terceira divisão, feito que o futebol amazonense não alcançava há duas décadas, na época com o saudoso São Raimundo, em 1999.
Entrevistado especial do programa K é Nacional, o presidente honorário do clube manauara, Luís Mitoso, não escondeu sua felicidade ao falar sobre o grande feito do Gavião do Norte. “O time de índio subiu! O Manaus e o Amazonas, ao mesmo tempo que se sentiu ofendido, também se sentiu orgulhoso de ser uma terra de índio. Aliás, a Arena da Amazônia foi inspirada em uma cesta indígena, e ali tivemos 44.121 índios gritando e apoiando o Manaus Futebol Clube nesse acesso tão esperado”, destaca.
Manaus comemora acesso para a Série C (Foto: Divulgação/Manaus)
Ofendido, no caso, por causa do episódio que aconteceu no primeiro jogo das quartas de final da Série D, quando viajou para o Rio Grande do Sul enfrentar o Caxias, duas semanas atrás. “Fomos recepcionados de uma forma grotesca e sem nenhum tipo de ação protetiva. Atletas, comissão técnica e dirigentes não conseguiram dormir. Os hóspedes queriam sair sem pagar. Foi uma noite de terror. Nas mídias sociais, houve total desrespeito e ignorância com o Amazonas. Lamentavelmente, eles fizeram uma descortesia”, relata o dirigente.
Para Luís Mitoso, o fato apenas serviu para motivar e mobilizar ainda mais a cidade e o estado: “eles mexeram com os índios. E os índios foram para a guerra: se pintaram, colocaram o cocar e foram para a Arena da Amazônia mostrar o valor de um verdadeiro índio”. Depois da derrota no Centenário por 1 a 0, o time manauara se recuperou com uma dominante vitória por 3 a 0 em casa, com gols de Rossini e Mateus Oliveira (dois).
Os 44.121 espectadores presentes na Arena da Amazônia registraram um público recorde envolvendo clubes amazonenses, inclusive o maior de todo o final de semana, superando o Grenal (34.002) e a partida entre Corinthians e Flamengo (34.737). “Ali foi o envolvimento de todo o Amazonas, de toda Manaus”, ressalta o presidente de honra do clube, fundado há apenas seis anos pelo próprio ex-vereador da capital amazonense juntamente com Giovanni Silva, hoje presidente executivo do Gavião do Norte, que trabalharam juntos no tradicional Nacional antes de criarem a nova equipe em 2013.
Dono do melhor ataque da Série D, com 26 gols marcados, o Manaus terminou a primeira fase da quarta divisão invicto e líder do Grupo A2. Nas fases seguintes, eliminou o Real Ariquemes, de Rondônia, e o São Raimundo paraense. Nas quartas de final, a vitória sobre o Caxias e o acesso inédito para a C. “O nosso sonho não terminou aí não! Vamos entrar na briga para levar o caneco de campeão da Série D”, destaca. A equipe agora enfrentará o Jacuipense, da Bahia, enquanto Ituano e Brusque completam a outra chave.
Embora seja tão jovem, o Gavião do Norte domina o futebol local, atualmente tricampeão estadual. Semifinalista da Copa Verde em 2018, enfrentará o Sobradinho nesta quinta-feira (25), às 15h30, no primeiro jogo da fase inicial da edição deste ano da competição regional. A equipe, inclusive, já enfrentou um goiano nesta temporada: foi eliminado pelo Vila Nova na primeira fase da Copa do Brasil após o empate em 1 a 1, em Manaus.
“Quem sabe nos encontremos? Goiás e Manaus na decisão da Copa Verde”, sonha Luís Mitoso, lembrando da participação do clube da capital goiana, que estreará nas oitavas de final da competição no próximo mês. Por falar no Goiás, o meio-campista Jean Carlos, contratado a princípio para o time sub-23, também foi assunto. Mineiro com passagens no futebol goiano por Morrinhos e Santa Helena, saiu de forma estranha do clube.
“Quem mais perdeu nessa história foi ele. Saiu de uma maneira não muito boa, poderia ter esperado e depois ido para Goiás, jogando no sábado. Era um jogador do grupo, não era titular, mas entrava constantemente e estava conosco desde o ano passado. Fez um belo campeonato no ano passado, mas não estava em uma fase muito boa. Ele só pecou no momento da saída, poderia ter saído de uma maneira mais elegante, mais tranquila para o clube e até para ele. Acho que faltou maturidade e sabedoria para decidir o momento correto. Mas é um bom jogador”, comenta o dirigente.