Dona Ilaídes, mãe do goleiro Danilo, roubou a cena mais uma vez neste sábado (03). Em um momento de grande emoção, a mãe do goleiro Danilo, Dona Ilaídes Padilha, foi aplaudida por todos os presentes na Arena Condá, enquanto dava a volta no gramado acenando para as pessoas em agradecimento pela solidariedade. Seu filho chegou a ser resgatado com vida das ferragens da aeronave da LaMia, mas não resistiu. O acidente aéreo matou 71 pessoas.
De pé, o público a homenageou, enquanto aguardava, no fim da manhã deste sábado, para iniciar o velório de 50 das vítimas da tragédia que matou 71 pessoas, na madrugada da última terça-feira (29).
Nesta sexta-feira (02), Dona Ilaídes consolou o repórter Guido Nunes, do canal por assinatura SporTV, durante uma entrevista ao “Seleção SporTV”. Ela pediu ao jornalista que respondesse à seguinte pergunta: “Como vocês da imprensa estão se sentindo perdendo tantos amigos queridos lá? Você pode me responder?”. Guido desaba em lágrimas: “Não”, diz.
Viu essa? Confira o vídeo da mãe do goleiro Danilo consolando o repórter do SporTV
Dona Ilaídes parte, então, para abraçar o repórter. “Posso te dar um abraço?”, questiona, no que o jornalista imediatamente a envolve. “A todos da imprensa que perderam seus amigos, que perderam aquelas pessoas que estavam lá narrando, levando alegria. Foram vocês que fizeram a carreira daqueles meninos, não só do meu filho”, disse a Guido, num longo abraço.
Ainda na tarde desta sexta-feira, a mãe do herói chapecoense, Ilaíde Padilha, conhecida como dona Ilaíde, foi até o estádio do clube e fez questão de conversar com os jornalistas. Ela andou pelo gramado da Arena Condá acompanhada por uma psicóloga da prefeitura de Chapecó e pelas duas filhas. Após cada entrevista concedida, a mãe de Danilo fez questão de abraçar cada repórter com quem conversou.
“Estou vivendo um pesadelo, ainda. Eu acho que ele vai voltar da Colômbia, mas não dentro de um caixão. Eu acho que ele vai voltar com um bom resultado e que, na semana que vem, eu vou a Curitiba vê-lo jogar a final e aplaudi-lo. Por isso, estou em pé, disse dona Ilaíde, com delicadeza. “O Danilo é o meu filho amado, é o meu anjo. Onde quer que ele esteja, está me abraçando e me segurando. É ele quem está me mantendo aqui. Meu anjo, meu ídolo e meu herói”, desabafou.
Ao perceber que um dos jornalistas presentes era colombiano, a mãe do ídolo chapecoense revelou que o momento de maior angústia, no dia do acidente, foi quando recebeu um telefonema das autoridades do país vizinho. “Foi quando me ligaram pedindo descrições do Danilo para identificar o meu filho e, depois, desligaram o telefone na minha cara, sem falar nada. Tudo bem, eu entendo que a pessoa provavelmente não tinha permissão para me falar se era ele, ou se não era. Mas foi o momento mais difícil”, afirmou, sem demonstrar rancor.
Logo em seguida, dona Ilaíde comentou a homenagem que os colombianos fizeram em Medellín, na noite de quarta-feira (30), quando ocorreria o jogo entre Atlético Nacional e o Chapecoense. “Tenho que agradecer aquele momento. Vocês demonstraram um espírito de humanidade para conosco de uma forma grandiosa. Quando eu vejo aquelas imagens, me arrepio. É impossível não agradecer à Colômbia por isso.”
Ela não assistiu, entretanto, à homenagem que ocorreu na mesma noite, em Chapecó, quando Danilo foi ovacionado pela torcida na Arena Condá. Naquela data, ela ainda estava em Cianorte (PR), onde mora. “A minha filha, que assistiu, falou: ‘mãe, eu arrepiei toda. Quando a foto do Danilo apareceu, e a torcida inteira gritou o nome dele, eu desmontei’. Então, foi bom que eu ainda não tenha visto. Eu quero ver isso com calma, depois, em um momento oportuno.”
Ilaíde Padilha também fez questão de agradecer ao apoio que está recebendo da população de Chapecó. “A cidade estava abraçada com esses jogadores. Você saía de casa, e eles estavam lá abraçados com os meninos na rua. O povo de Chapecó é muito acolhedor. E é a torcida maravilhosa que acolheu o Danilo como um ídolo”, ressaltou.
A mãe do goleiro chapecoense ainda encontrou espaço para declarar um arrependimento aos microfones da imprensa. Ela lembrou ter afirmado, nos últimos dias, que não havia recebido um único telefonema do clube catarinense para oferecer apoio à família. “Mas agora, percebi que era eu quem tinha que dar apoio à Chapecoense, porque não sobrou quase nada do clube aqui. Essas pessoas que sobraram, somos nós, que precisamos abraçá-las, porque elas também estão perdidas.”
Com informações da Agência Brasil