Em um início de semana marcada por protestos e depredações no Goiás, o rival Vila Nova também passou por uma situação desagradável na última noite após a derrota por 2 a 0 no Serra Dourada para o Botafogo de Ribeirão Preto, em partida válida pela 23ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.

Na madrugada de terça para quarta-feira (18), a loja oficial do clube no estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, no Setor Leste Universitário, sofreu um incêndio. O presidente executivo vilanovense, Ecival Martins, foi entrevistado de forma exclusiva pelo repórter Rafael Bessa durante o programa K Esportes Hora do Kajuru na Sagres 730 e analisou o acontecido.

Ecival Martins em entrevista ao repórter Rafael Bessa (Foto: Sagres On)

“É uma situação lamentável, sinceramente eu não tenho palavras. A gente junta moeda aqui para pagar conta para tentar manter o Vila de pé e eu não posso acreditar que quem fez isso foi um vilanovense. Está tudo errado no futebol, ele existe para trazer alegria e gozação quando você perde, acho que o limite é esse. Agora, do jeito que está, com toda a sinceridade, gente de bem não vai querer mexer com futebol. Vai ter que vir traficante e bandido para vir presidir o futebol, por que quem é que vai querer vir tomar contar conta de um clube de futebol com esse tipo de situação? Eu estou sofrendo aqui, só eu e Deus sabemos o tanto que é difícil tocar o Vila Nova. Esse prejuízo aqui quem vai pagar é o Vila, e como nós vamos pagar? Isso é torcedor? Não, isso não é torcedor”, desabafa.

O dirigente máximo do clube ressalta que “não estou querendo fazer sensacionalismo, nós sabemos que estamos mal no campeonato, fomos incompetentes nas contratações, sim, isso é fato, mas não justifica dilapidar o patrimônio do clube, que é um clube sofrido. Isso aqui foi construído com o suor de muita gente e torcedor de bem, é muita gente séria e honesta que ajudou a construir. O OBA está aqui, a gente junta, faz mutirão para pintar e essa loja é fruto disso, um esforço para oferecer isso para o torcedor de bem. Isso que está acontecendo aqui tem que ter um fim, aconteceu com o clube rival e eu fiquei muito triste com isso. A disputa agora saiu do campo e passou para quem vai queimar, quem vai matar? O futebol virou isso?”.

Enquanto o trabalho de perícia está sendo realizado, ainda não se sabe o motivo do incêndio na loja do clube, e Ecival Martins afirma que “a primeira coisa que nós estamos fazendo é tomar as providências no sentido de tentar elucidar o que aconteceu, o nosso departamento jurídico está tomando as providências para ver o que aconteceu, porque isso não pode, essa pessoa ou essas pessoas que fizeram isso têm que ser presas, nós não podemos aceitar isso. Não estamos perdendo os jogos e tendo resultados ruins porque nós queremos, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Eu tenho certeza que o vilanovense de bem, que são a grande maioria e são vilanovenses de verdade, nós vamos estar juntos e reconstruir. É mais uma dificuldade que temos que passar, e vamos passar”. 

E na tarde desta quarta-feira, o clube já iniciou os trabalhos para tentar identificar as causas e os possíveis causadores do incêndio. Tanto o presidente Ecival Martins, quanto a advogada do Vila Nova, Tathianne Uchôa, estiveram no 9º Distrito Policial e registraram o boletim de ocorrência. 

“O que a gente espera é que as autoridades possam elucidar esse crime porque a situação como está, me preocupa muito. Se esse bandido que ateou fogo na loja tivesse ido para a sede, o mundo poderia estar chorando uma tragédia. Nós temos várias crianças e adolescentes alojados ali sob os cuidados do Vila Nova e acho que a segurança inibiu que ele entrasse. Nós temos que parar com isso e o sentido deter vindo aqui na delegacia foi para buscar o apoio das autoridades para coibir esse tipo de atitude que não ajuda o clube em nada”, destacou Ecival Martins às Feras do Kajuru. 

Se a perícia concluir que foi um incêndio criminoso e identificar o autor, o responsável poderá pegar de três a seis anos de prisão. Se houver uma qualificadora, de quatro a nove anos. Em entrevista ao repórter Rafael Bessa, a Dr. Tathianne Uchôa explicou os próximos passos da investigação. 

“Será solicitada agora a perícia técnica no local para buscar algum vestígio ou algo que possa levar a quem cometeu este ato. Será feita também uma varredura de câmeras para tentar identificar alguma movimentação. Nós queremos também pedir uma providência das autoridades porque são situações que acontecem reiteradas vezes, são práticas que banalizam o crime no futebol. Nós estaremos juntos ao Ministério Público e ao secretário de segurança pública, Rodney Miranda, para tomarmos as medidas cabíveis”, afirmou a advogada. 

Confira a nota oficial emitida pelo clube nesta quarta-feira:

“O Vila Nova Futebol Clube esteve no 9° Distrito Policial na tarde desta quarta-feira (18), representado por seu presidente executivo, Ecival Martins e a advogada do clube, Tathianne Uchôa. Ambos foram atendidos pelo delegado Washington da Conceição para prestar queixa por conta do incêndio ocorrido na noite da última terça-feira (17), na Loja Nação Colorada, onde também funciona o Sócio Tigrão.

O prejuízo do ato criminoso está estimado em torno de R$ 150.000,00 e o inquérito será instaurado para apurar os fatos. Ao final do inquérito, o Ministério Público será acionado para instaurar a ação penal. O crime pode acarretar em prisão de quatro a nove anos, em razão de ser classificado como crime qualificado.

Nas Próximas semanas o Vila Nova Futebol Clube estará procurando demais autoridades competentes como o Ministério Público e Secretaria de Segurança Pública, para que fatos como esse, onde o crime torna-se o foco principal no futebol, não se repitam.”

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