Em 2011, as categorias de base do Goiás ganharam uma outra dimensão. Em todas as partidas até agora do time esmeraldino no Goianão, o técnico Artur Neto começou o jogo com pelo menos cinco jogadores formados no clube. Diante deste momento, o treinador alviverde aproveitou para criticar a situação da base nos clubes brasileiros atualmente, que é a raridade de meias e atacantes de qualidade.

“Criou-se uma cultura de três zagueiros em que os laterais, quase que desapareceram, tem que ser ala, porque tem que atacar, em compensação você forma zagueiro, forma volante, porque tem que jogar com três zagueiros, dois volantes, e cadê os meias?”, questionou Artur. 

“Aí você tem que ir lá na Argentina, buscar o Conca, buscar o D’Alessandro, buscar o Montillo, e o futebol brasileiro é o mais rico em qualidade de jogadores, e as pessoas não estão entendendo isso”, complementou o técnico. Segundo ele, é preciso mudar a mentalidade nas categorias de base, principalmente em relação aos esquemas táticos utilizados.

“Taticamente você tem que jogar de uma forma mais agressiva também. Hoje em dia você vê categorias de base jogando no 3-6-1 às vezes. Aí eu te pergunto, como é que você vai fazer atacante, se você joga com um atacante nas categorias de base?”, exemplificou. Para Artur, o mais importante é formar jogadores, em não conquistar os títulos na base.

“Ninguém quer perder, lógico, tudo mundo quer ganhar, todo mundo quer ganhar, todo mundo quer ser campeão, mas é muito melhor para um time profissional você fazer um, dois jogadores de ponta, que possam ser utilizado no time principal como jogadores titulares do que você ganhar todos os torneios da base e não formar ninguém”, disse.

Problema também atinge Goiás

Segundo Artur, ele já tratou sobre este assunto internamente no Goiás, e ressaltou que é uma situação que precisas ser modificada. “A gente faz o Toloi, faz o Valmir, faz o Ernando, faz o Amaral, manda fazer um meia aí, um atacante, e tem dificuldade. Essas coisas não são só aqui, no geral está acontecendo. Isso aí tem que ser revisto”, alertou.

Até mesmo por não ter a responsabilidade de uma equipe profissional, o treinador esmeraldino acredita que é preciso incentivar a ousadia dos jovens atletas. “Tem que incentivar a jogar na frente, a ser meia, a driblar, a criar, porque isso que valoriza também. Existe um mercado no futebol, e no mercado o meia tem um valor x, o atacante mais alto, e os zagueiros, normalmente um valor inferior”, concluiu.