Os atos pró e contra o governo pautam esta terça-feira, dia 7 de setembro, em todo o país, seja em Brasília e nas demais capitais. Em entrevista à Sagres, o cientista político e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Franck Tavares, avalia que os protestos a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sinalizam para uma preparação para 2022 contra a normalidade do processo eleitoral.

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“Não é esse o jogo que estão jogando. Eles sabem que são minoritários, que são impopulares, todas as pesquisas assim o indicam, inclusive as pesquisas internas contratadas pelos próprios grupos de extrema direita, e diante dessa verdade o que se pretende é uma sublevação por via não eleitoral. Não me parece um ato preparatório para 2022 como acumulação de forças para a viabilização de uma candidatura à reeleição. Me parece um ato preparatório para 2022 como uma acumulação de forças para impedir a normalidade do processo eleitoral, o que é bem diferente”, afirma. Confira a seguir a partir de 00:40:00

Entre as bandeiras dos manifestantes pró-governo estão o voto impresso e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Para Franck Tavares, são discursos que comprovam a ineficiência da atual gestão em diversas esferas como educação, economia e meio ambiente.

“Significam um momento de acentuação, de aprofundamento de um processo de degeneração da nossa democracia, conduzido pelo atual governo , e que já vem de algum tempo. O discurso contra a tripartição de poderes, um governo que se revela incapaz na prestação de políticas públicas, que não consegue reativar a economia, que não é capaz de manter o mínimo de sustentabilidade ambiental, que deixa a educação e os projetos anteriores perecerem, portanto, não tem políticas públicas muito claras para nenhuma área, tende frequentemente a se considerar oposição ao próprio Estado, ora responsabilizando o Legislativo e frequentemente responsabilizando o Poder Judiciário por sua própria ineficiência e incapacidade”

Para o cientista política, Bolsonaro tentará tensionar o cenário político de hoje em diante, e que as manifestações em seu apoio se assemelham à invasão ao capitólio nos Estados Unidos, ocorrida no dia 6 de janeiro deste ano, quando se aproximava o fim do governo do presidente Donald Trump.

“De hoje em diante eu imagino que o presidente tentará tensionar a cena política dia após dia, elevando a temperatura cada vez mais a uma para não se ver responsabilizado por seus atos indevidos, a duas para manter o poder por uma via que não é a das eleições”, conclui.