Serra Dourada (Foto: Divulgação)
O governador Ronaldo Caiado (DEM) sancionou no último dia 2 de janeiro, uma lei que obriga a implantação da identificação biométrica dos torcedores. O projeto é o deputado estadual Charles Bento (PRTB) e tramitava desde 2017 na Assembleia Legislativa.
No projeto, apenas estádios com capacidade superior a 10 mil torcedores terão de ter o reconhecimento biométrico. Assim, sete serão atingidos pela nova lei, que não estípula uma data limite para passar a vigorar: Serra Dourada, Olímpico, Antônio Accioly, Serrinha e OBA, em Goiânia. JK, em Itumbiara, Jonas Duarte, de Anápolis.
Com relação aos custos e sobre quem deve pagar pela utilização do sistema, o deputado Charles Bento foi claro e pressionou os clubes. “Os clubes brasileiros ganham muito dinheiro. Se não puderem investir na segurança dos torcedores, devem mudar de ramo”, disparou.
No Brasil, apenas a Arena da Baixada, do Athlético Paranaense, conta com a identificação biométrica. De acordo com o deputado Charles Bento, uma briga entre torcedores de Goiás e Vila Nova em 2017, o levou a realização do projeto, porém clubes, Federação e agentes da segurança pública não foram ouvidos sobre a matéria.
“Temos consciência que os times precisam se adequar já que foram pegos de surpresa. Não fiz nenhuma audiência pública e nem ouvi os clubes. Isso foi ideia minha. Os times falam que não estão preparados, mas uma hora terão que estar. Sou dono de auto – escola e de vez em quando vem umas mudanças de supetão do Detran e do Denatram e os proprietários reclama que não estão prontos, mas depois com o tempo as coisas melhoram. Eu digo que isso é o melhor para os clubes, pois o que eles perderam em arrecadação com apenas uma torcida daria para fazer a implantação do sistema”, explicou Charles Bento.
O deputado acrescentou que a identificação biométrica deve começar fora do estádio, já no trajeto dos torcedores.
“Ainda deve ser aprimorada. Acho que deve ter uma distância do estádio de 30 a 40 metros do estádio, pra pegar o baderneiro que se aproxima, que já estará cadastrado, pra que ele não entre no local. A filmagem deve ser dentro do estádio e numa distância mínima também”, ressaltou o deputado, que tentou explicar como seria nos jogos com torcedores de outros estados.
“O torcedor goiano já vai saber que terá que ter o cadastro e compra com antecedência. Já o torcedor de fora, também vai conhecer as nossas regras, como funciona aqui no Estado, então vai ter que fazer o cadastramento antecipado, mas pra isso teremos uma tecnologia mais avançada”.
O que dizem os clubes
Os clubes também foram ouvidos pela reportagem da Sagres 730 sobre a lei da identificação biométrica. Ecival Martins, do Vila, não concordou com a forma como feito e que o correto é que os envolvidos, como clubes, federações e a segurança pública, deveriam ter sido consultados, porém considera a medida válida.
Já no Goiás, a informação passada para a imprensa é que a lei pegou de surpresa os dirigentes esmeraldinos apesar de conhecerem o projeto do deputado Charles Bento desde o ano passado. O clube acredita que a medida requer maior tempo e que não conseguirá viabilizar o sistema em um período tão curto. Para o novo estádio da Serrinha, o Goiás já investiu mais de R$ 100 mil na compra de equipamentos de segurança como câmeras, computadores e programas específicos. A biometria não estava nos planos da diretoria.
No Atlético, o presidente Adson Batista entende que faltou discutir a matéria em mais detalhes para que as consequências fossem avaliadas.
“Deveriam ter discutido antes. Não é chegar e baixar um decreto. Deveria ter sido mostrado onde já é utilizado. As grandes arenas usam? Estão na contramão. Os clubes têm suas limitações financeiras e já pagam muitas coisas. Essa questão de segurança é mais profunda e não é só a biometria que vai resolver”, contestou Adson Batista.
Estádio Antônio Accioly foi reinaugurado em agosto de 2018 (Foto: Paulo Marcos/Ass ACG)