O presidente da Federação Goiana de Futebol (FGF), André Luiz Pitta falou, em entrevista ao profissional Charlie Pereira, do Sistema Sagres de Comunicação, que nada está descartado sobre a realização do Campeonato Goiano da Divisão de Acesso 2020. A competição acontece sempre ao final do campeonato da divisão principal e dela vem dois classificados para esta divisão principal do ano subsequente.

É o revezamento estabelecido pela Lei Pelé, de que os campeonatos deverão ter rebaixamento dos dois últimos colocados de uma divisão, para abrir vaga para os dois melhores colocados da divisão inferior. Há um atenuante para esta situação: Quando não ocorre a divisão inferior, nasce, em tese, a ausência de necessidade para o rebaixamento, ou seja, em casos assim não há desrespeito ao que determina a lei.

O que está gerando as dúvidas sobre a realização da Divisão de Acesso é a obrigatoriedade do cumprimento do protocolo de controle da contaminação pelo coronavírus. As equipes terão de manter os testes regulares nos seus elencos e trabalhadores, que tem custo elevado. Várias destas equipes já disseram que não dispõem de orçamento para fazer este gasto.

Ocorre que a maioria dos times da Divisão de Acesso tem como principal fonte de renda o poder público municipal e com a pandemia os prefeitos e presidentes das Câmaras de Vereadores já disseram que não terão como tirar recursos dos cofres públicos que já estão vazios por causa da Covid 19 e com o agravante de terem de enfrentar as consequências sociais e financeiras no período pós-pandemia, para investir no futebol.

Justamente por esta questão a maioria dos clubes estão afirmando que não tem condição para pagar pela testagem obrigatória. Ao anunciar que as despesas correriam por conta dos clubes, o presidente André Pitta disse que o momento exige sacrifícios de todos, e aí entra o questionamento: se a situação exige sacrifícios de todos, porque a FGF não dá o exemplo de empenho e arca com os custos da testagem? Ela é a dona da competição. Ela tem estrutura para buscar, através do marketing esportivo, a receita para cobrir esta despesa, o que não ocorre com nenhum clube do interior.

André Pitta falou que quem deixar de disputar por falta de recursos, não sofrerá punição, mas quem topar disputar o acesso e não der conta de ir até o fim, arcará com o que estabelece a lei, para agremiações que abandonam competições.

Com a frieza necessária que um analista precisa ter, esta situação sugere a leitura de que de uma destas duas coisas vai ocorrer: 1 – A FGF assume o papel federativo e banca os exames para garantir a realização da competição – o que automaticamente garantiria a necessidade do rebaixamento na divisão principal; 2 – A FGF mantém a posição de achar que todos têm de se sacrificar, desde que ela não esteja inserida neste universo e os clubes não entrem na competição, o que evita o rebaixamento na divisão principal.

A decisão vai sair de uma reunião da FGF com os clubes que têm direito à participação no campeonato.