O Brasil enfrentou prejuízos de R$ 792,7 bilhões causadas por desastres ambientais entre 1991 e 2023, segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). O levantamento, publicado pelo portal Poder360, revela que as ocorrências desses eventos aumentaram 140% de 2015 até o último ano.
Embora o Brasil esteja geograficamente protegido contra furacões, terremotos e tsunamis, o país ainda enfrenta desastres climatológicos, meteorológicos e hidrológicos, como identificado pela Fiemg. Entre os principais estão estiagem, seca, enchentes, vendavais e inundações.
De acordo com a Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade), os desastres climatológicos, que incluem incêndios florestais e secas, representaram 56,5% dos prejuízos no período. Já os desastres hidrológicos, como alagamentos e enxurradas, foram os mais fatais, resultando em 83,4% das 5.142 mortes registradas.
O estudo da Fiemg destaca ainda que as enchentes no Rio Grande do Sul, um dos maiores desastres da história do estado, não foram incluídas no cálculo, e, se consideradas, poderiam aumentar significativamente os prejuízos totais. O aumento desses eventos nos últimos 8 anos é atribuído às mudanças climáticas e à falta de investimento em prevenção.
Soluções
A Fiemg propõe a construção de mais usinas hidrelétricas com reservatórios para mitigar os efeitos das chuvas intensas, uma vez que essas usinas têm a capacidade de armazenar água e reduzir o impacto das inundações. A flexibilização das leis ambientais é vista como essencial para a viabilização desses projetos, que, além de fornecerem energia limpa, podem ajudar a evitar perdas futuras de vidas e danos materiais.
Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, disse ao Poder360 a necessidade de flexibilizar as leis ambientais estaduais criadas no final dos anos 1990 e início dos 2000, que têm dificultado a implementação de grandes projetos de usinas com reservatórios. Ele destacou que, além de proporcionar energia de baixo custo, o que aliviaria as contas de luz dos consumidores, essas usinas também podem ter um importante papel na proteção ambiental, ajudando a evitar mortes e danos materiais. “Uma maneira de conter que ninguém fala e nem discute são as usinas de grandes lagos, as de fio d’água não adiantam de nada”, declarou Roscoe.
Um estudo citado por Roscoe exemplifica o caso da hidrelétrica de Três Marias, localizada na região central de Minas Gerais, que impacta os municípios de São Gonçalo do Abaeté, Felixlândia, Morada Nova de Minas, entre outros. Em janeiro de 2022, a usina foi capaz de controlar um volume de chuvas 102% acima da média histórica em apenas um dia.
Em contrapartida, no Rio Grande do Sul, o rio Guaíba transbordou, mesmo com a presença de três hidrelétricas de fio d’água, que não conseguiram conter o excesso de água. O estudo aponta que, se houvesse uma usina com capacidade semelhante à de Três Marias na principal área afetada do Estado, até 67% da vazão do rio poderia ter sido controlada, minimizando os impactos.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima
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