O Brasil teve o maior avanço do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para o mês de março em 28 anos, com alta de 1,62%. Com isso, o acumulado da inflação nos últimos 12 meses já chega 11,3%. Em entrevista à Sagres, o mestre em administração Fábio Astrauskas afirmou que esse cenário ainda deve continuar para os próximos anos.
“A inflação tem preocupado muito a economia desde a metade do ano passado e essa alta permanece preocupante, porque é persistente. O Brasil sofrerá esse problema e terá que combater esse mal assustador por mais alguns meses”, disse Fábio, que frisou que o problema não atinge só o Brasil”.
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Austrauskas explicou que a inflação é alimentada por alguns fatores, como o excesso de demanda por produtos, ou a escassez de bens e serviços. Com a pandemia, a partir do início de 2020, muitas fábricas foram paralisadas, o que diminuiu a oferta. Juntamente com isso, governos no mundo injetaram dinheiro nas próprias economias através de programas de distribuição de renda. Assim, com dinheiro na mão do comprador, mas falta do produto, começou a subida da inflação. “Neste momento em que a pandemia perde força e poderíamos caminhar para a estabilidade, ocorre o conflito entre Rússia e Ucrânia e voltamos a ter escassez na oferta de produtos”, detalhou.
Para 2023, o mestre em administração mostrou preocupação com a possibilidade de continuidade da guerra no Leste Europeu. “Rússia e Ucrânia são países importantes na exportação de produtos. O que nós podemos esperar para 2023, se o cenário de guerra persistir, nós continuaremos a ter esse descasamento na logística e provavelmente o processo de inflação continuará alto por muito mais tempo”, disse.
Especificamente no Brasil, as eleições também devem afetar o mercado e, consequentemente, a inflação. “Nós ainda temos esse elemento surpresa, de quem será eleito, o atual presidente ou a oposição e temos que ver qual será a base de sustentação, seja o eleito qual for. A inflação corrói a renda da classe trabalhadora e isso cria mais desigualdade, então o grande cenário para 2023, em todo o mundo, será o combate à desigualdade”, alertou.
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