Conforme dados apresentados pelo Ministério da Educação e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o Brasil tem uma taxa média de quase 54% de desistência entre alunos que ingressaram no Ensino Superior na última década. Esses números fazem parte do Censo da Educação Superior, divulgado nesta quinta-feira (3).

A pesquisa faz uma análise da trajetória dos estudantes a partir de seus respectivos anos de ingresso no ensino superior (de 2010 a 2019), em Instituições Públicas e Privadas. Sendo assim, é possível estipular uma porcentagem do total de alunos que concluíram os estudos, os que ainda estão nas Universidades e aqueles que desistiram dos cursos. Ao todo, foram 29.393.231 ingressantes nos 10 anos, e 16.137.666 desistentes, representando 54%.

Entre todos os anos apresentados pela pesquisa, aquele com maior taxa de desistência foi o de estudantes que ingressaram no ensino superior em 2016. De acordo com o Censo, 62% dos alunos saíram de seus cursos até o ano de 2023, 3% ainda estão nas Universidades e 36% concluíram o ensino superior. 

Trazendo para números totais, dos 2.986.636 de alunos que entraram no ensino superior em 2016, 1.851.714 desistiram. 

Durante a sua fala no evento de divulgação dos dados, o secretário de Educação Superior do MEC, Alexandre Brasil, defendeu que o investimento na consolidação das universidades e dos institutos federais é o caminho para garantir a permanência dos alunos. 

“No caso das federais, tem todo o desafio de investir na consolidação, na construção de restaurantes universitários e de moradias estudantis. A preocupação é fortalecer a permanência, o acesso e oferecer recursos para que os estudantes terminem os cursos, para ampliar a educação superior e contribuir no desenvolvimento deste país”, opinou.  

Confira tabela com todos os anos da última década:

AnoIngressantesTaxa de permanênciaTaxa de conclusãoTaxa de desistênciaTotal de desistências
20102.196.8221%40%59%878.728
20112.359.4091%40%59%943.763
20122.756.7731%40%59%1.102.709
20132.749.8031%41%58%1.594.885
20143.114.5101%39%60%1.868.706
20152.922.4002%38%60%1.753.440
20162.986.6362%36%62%1.851.714
20173.226.9065%34%61%1.968.412
20183.446.3289%31%60%2.067.796
20193.633.64413%26%58%2.107.513

Recorde de matrículas 

Por outro lado, tivemos o recorde de ingressantes e de matrículas em 2023. De acordo com dados da pesquisa, 4.994.112 alunos entraram nas universidades durante o ano. Ao todo, o país tem  9.977.217 matrículas no Ensino Superior.

Desse total, 1.327.057 estão em Instituições Federais, 664.797 em Estaduais, 77.512 em Municipais, 6.163.089 em Instituições Privadas com lucrativos e 1.758.319 em privadas sem fins lucrativos.

Das novas matrículas, 69,1% ingressaram por meio de Vestibulares, 18,2% por meio do Enem e 12,7% por outra forma não especificada. 

Ensino médio ao Ensino Superior 

Pela primeira vez, o Censo apontou o comportamento dos estudantes em relação ao acesso à educação superior logo após a conclusão da educação básica

Dos concluintes do ensino médio em 2022, 27% ingressaram na educação superior em 2023. Quando se observam os concluintes do ensino médio de escolas federais, essa proporção sobe para 58% (comportamento similar ao dos concluintes das escolas privadas, com 59%). Os alunos oriundos de escolas estaduais ficaram abaixo da média: apenas 21% ingressaram no ensino superior logo após concluírem o ensino médio. Os estudantes que concluíram o ensino médio articulado com a educação profissional (de modo integrado ou concomitante) também tiveram mais facilidade para ingressar na educação superior no ano seguinte. Desse grupo, 44% entraram em um curso de graduação logo após a formatura, outro número acima da média.  

Quando observados aqueles que concluíram o ensino médio na modalidade regular e na educação de jovens e adultos (EJA), o percentual é de 30% e de 9%, respectivamente. O mesmo recorte também foi feito por localização da escola: 27% dos estudantes das escolas urbanas ingressaram na educação superior imediatamente após a conclusão da educação básica, enquanto os das escolas rurais foram 16%.   

EAD deve superar ensino presencial 

Ainda conforme o Censo, o ensino à distância (EaD) deve superar o ensino presencial no Brasil em 2024. De acordo com a pesquisa, em 2023 os cursos EaD representavam 49% do total de matrículas no ensino superior, com 4,9 milhões de alunos. A diferença entre os alunos de EaD e os de cursos presenciais era de apenas 150.220 matrículas.

Conforme o estudo, caso o crescimento dos cursos em ensino a distância continue com essa progressão, provavelmente teremos mais alunos nessa modalidade de ensino, em comparação ao presencial, ainda em 2024. Em maio deste ano, o MEC homologou uma resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), determinando que cursos de licenciatura a distância devem oferecer no mínimo 50% das aulas em formato presencial.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade

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