Deputado federal e presidente do Democratas (DEM) em Goiás, Ronaldo Caiado não poupou críticas ao recém-criado PSD em entrevista à RÁDIO 730 nesta quarta-feira (5). Para o parlamentar, que é um dos principais opositores do governo Dilma Roussef, a nova legenda representa uma ameaça à democracia nacional.
Caiado definiu o novo partido como uma verdadeira “estatal”, pelo fato dos peessedistas se definirem como independentes e não fazerem oposição a nenhum governo. Na avaliação dele, é “oportunista”, a migração que tem ocorrido de outros partidos, principalmente do DEM, para o PSD, que perdeu muitos quadros.
“É uma migração fisiológica. Oportunista e mercantilista. O “S” na sigla do par tido é um cifrão”, condenou.
Confira os principais pontos da entrevista do deputado concedida a Altair Tavares e Frederico Jotabê.
Rádio 730: Como o senhor avalia a filiação do deputado estadual José Vitti ao DEM?
Ronaldo Caiado: Já tenho uma ligação muito forte com José Vitti e com a família dele, já que tratei dele algumas vezes durante a infância e adolescência do deputado (Ronaldo Caiado é medico ortopedista). Sempre tive por ele um carinho especial e uma grande vontade de tê-lo nos quadros do partido. Ele tem também ainda uma habilidade enorme, tanto é que a filiação dele foi em um sentimento convergente. Ele teve o apoio do vice-governador, José Eliton, do senador Demóstenes Torres, Nilo Resende, deputado estadual Hélio de Sousa, todos aplaudiram e festejaram muito essa filiação. Ainda vamos marcar um grande evento para realmente fazer um grande evento, uma mobilização, pra fazer uma festa à altura da filiação do deputado estadual José Vitti que tem uma trajetória ascendente na política de Goiás.
Rádio 730: Existe a informação de que o prefeito de Rio Verde, Juracir Martins, pode estar de saída do DEM em direção ao PSD. O senhor sabe desta informação? Conversou com o prefeito?
Ronaldo Caiado: Ele não me telefonou. Também fui informado de que ele estaria saindo do partido com a alegação de que o partido não havia sido estruturado no município de Rio Verde. Esta alegação não pode ser feita, já que o cronograma de convenções municipais, estaduais e a nacional foi decidido anteriormente pelo diretório nacional do DEM. A não estruturação do Democratas em Rio Verde, que dependia efetivamente dele próprio, é um fato que demonstra a intenção real de deixar o partido. Não é responsabilidade do presidente do DEM no estado. Cada município tem a sua obrigação e a função de, no dia do calendário, fazer as convenções. Essa omissão dele parece ter sido intencional.
Rádio 730: Foram divulgadas recentemente iniciativas jurídicas do DEM contra o PSD. Elas foram efetivadas?
Ronaldo Caiado: As ações são de conhecimento público. O Democratas entrou para discutir a fidelidade partidária. A fidelidade não existe quando um partido quebra a sua doutrina e passa a defender outras teses, ou se um político sai da legenda por ter sido perseguido no partido. Agora, essa interpretação feita de maneira flexível do que é a criação de um partido é uma discussão que foi até proposta pelo PPS junto ao Supremo Tribunal Federal, porque aí o partido não é responsável pela iniciativa de alguns.
Isso não pode ser um guarda-chuva para todos os que querem aderir à base do governo. A mídia e os jornalistas não tem discutido junto com a sociedade o risco em que todos estão correndo quando surge um partido que diz que é governo em todos os estados do país e no governo federal. É uma verdadeira estatal. Isso é para tentar diminuir as oposições e coloca em risco o processo democrático. É uma migração fisiológica. Oportunista e mercantilista. O “S” na sigla do partido é um cifrão.
É inaceitável o cidadão receber o voto do eleitor, ser escalado pra ser oposição e depois negociar com o governador e com o presidente pra ser oposição nos dois pontos. Não existe isso em nenhum lugar do mundo. O Brasil tem a jabuticaba e o PSD. É algo inimaginável.
Rádio 730: Uma contradição nesse processo é que, aqui em Goiás, o senhor tece duras críticas ao PSD, mas em Goiás, o DEM e o PSD estão do mesmo lado, do governador Marconi Perillo. Como o senhor enfrenta isso?
Existe algum estado em que o PSD não foi gerado junto com a máquina pública estadual ou municipal? É uma estatal.