(Foto: Reprodução de video da propaganda eleitoral de Ibanes Rocha) 

O governador Ronaldo Caiado disse nesta quinta-feira (6) que não assina carta de repúdio aos deputados federais que articulam a retirada de Estados e municípios da reforma da previdência. Deputados têm feito pressão para que o trecho fique de fora do texto porque parte deles não quer arcar com o desgaste político de aprovar uma matéria considerada impopular.

Antes dessa declaração, Caiado tinha condenado a iniciativa dos parlamentares  em entrevista à imprensa goiana. Segundo ele, Estados e municípios serão os primeiros a quebrar sem mudança nas regras previdenciárias. “A reforma da previdência é urgente, primordial, fundamental. Do contrário vai levar ao colapso das finanças do Estado.” No entanto, ele defende convencer os parlamentares e não repudiar a posição deles.

“Pode saber que, de minha parte, não tem apoio. Jamais assinaria uma carta de repúdio aos deputados federais. Eu respeito a posição deles. O que vou fazer é tentar sensibilizá-los com argumentos, não com carta repúdio. Repúdio aos deputados, não. Os governadores devem apresentar os dados para escancarar a realidade financeira dos Estados e, assim, pedir o apoio dos parlamentares. Agora, não cabe a mim agir em forma de repúdio àquela Casa”, disse, segundo texto divulgada por sua assessoria.

Segundo o site O Antagonista, a carta é organizada pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Além de Caiado, também o governador do Pará, Helder Barbalho, se manifestou contra o documento.

No texto os governadores afirmam, que “caso não sejam adotadas medidas contundentes para a solução do problema, o déficit nos regimes de aposentadoria e pensão dos servidores estaduais, que hoje atinge aproximadamente R$ 100 bilhões por ano, poderá ser quadruplicado até 2060, conforme estudo da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal.”

Eles consideram que obrigar os governos estaduais e distrital a aprovar mudanças por meio de legislação própria, a fim de instituir regras já previstas no projeto de reforma que está no Congresso, “não apenas representa atraso e obstáculo à efetivação de normas cada vez mais necessárias, mas também suscita preocupações acerca da falta de uniformidade no tocante aos critérios de Previdência a serem observados no território nacional.”

Atrito com Ibaneis

Esta não é a primeira divergência entre Ronaldo Caiado e seu colega do Distrito Federal. Partiu de Ibaneis Rocha uma articulação junto ao então presidente Michel Temer para que fosse encaminhada ao Congresso Nacional uma medida provisória criando a Região Metropolitana do Distrito Federal.

Caiado inicialmente apoiou a iniciativa. Posteriormente recuou e articulou contra sua aprovação junto aos prefeitos do Entorno do DF que trabalhavam pela MP e aos parlamentares. O governador goiano alegou que sem recursos a medida seria inócua e defendeu o fortalecimento da Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno (Ride). A medida provisória caducou sem votação em 14 de maio, prazo final para ser apreciada pelo Congresso.

Nesta semana outro desencontro entre Caiado e Ibaneis. Segundo o site Metrópoles, os dois tiveram uma ríspida discussão por telefone neste terça-feira (4). O governador do DF fazia uma viagem de teste em trem entre Brasília e Valparaíso quando teria recebido um telefonema de Caiado dizendo que Goiás tinha governador.

Ibaneis disse ao Metrópoles que houve uma crise se ciúme do governador porque ele estaria à frente de um projeto que pode beneficiar 50 mil passageiros na região. O telefonema teria terminado com troca de xingamentos e sem despedidas. Caiado não se manifestou sobre o episódio.