A cidade já concedeu títulos de cidadania aos mais execráveis trastes e o fato agora ganha relevância. Neste fim de semana, o senador Ricardo Ferraço e o diplomata Eduardo Saboia tiraram da cadeia na Bolívia o maior adversário do ditador Evo Morales. Ferraço é senador pelo PMDB do Espírito Santo. Ser senador e prestar já é um grande feito. Ser senador do PMDB e prestar é praticamente um milagre. Pois na tarde de sábado o milagre se transformou em milagreiro. Saboia e Ferraço resgataram o senador boliviano Roger Pinto, que desafiou o cocaleiro Evo Morales e ficou preso num quartinho de 6 metros quadrados, dentro da Embaixada do Brasil em La Paz, durante 455 dias.
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É para gente como Ferraço e Saboia que existem as honrarias. Títulos e medalhas em Goiás são distribuídos em baciadas. Qualquer bicho de orelha tem direito. Mas Saboia e Ferraço mostraram que ainda existem na diplomacia e na política as exceções que deveriam ser regra. Na Bolívia, a regra é o governo de exceção. O Mugabe da coca foi eleito com apoio do governo brasileiro e recebeu dos petistas as maiores demonstrações de afeto. Até que enfim apareceram dois heróis para colocar Morales em seu devido lugar.
Por que Ferraço e Saboia merecem homenagem em Goiânia? Porque eles desafiaram um barão do narcotráfico internacional. Sai da Bolívia a cocaína que os craqueiros fumam em pedras ao lado do Plenário da Câmara municipal, onde os vereadores deveriam votar os títulos de cidadania para o senador e o diplomata. Os carros roubados em Goiânia vão para a Bolívia. Lá, Morales emite documentos oficializando o roubo. Por isso, Goiânia deve condecorar Saboia e Ferraço.
Vai aparecer a turminha de sempre, latindo que o senador e o diplomata violaram a soberania de uma nação amiga. É o mesmo grupelho que não se espanta de Morales ter tungado a Petrobras e encher os cofres com o dinheiro da droga que abastece as cracolândias. Enfim, trouxeram de lá algo de valor: um inimigo do Mugabe cocaleiro e a demonstração de coragem e civismo de um senador e um diplomata. E que Mubage não se importe de ser comparado a Morales.