Começou nesta segunda-feira (9) em Brasília a campanha solidária Corte e Compartilhe, de coleta de mechas de cabelo utilizadas na confecção de perucas que serão doadas a pacientes com câncer de mama. As mulheres beneficiadas pertencem à Rede Feminina, do Instituto Hospital de Base.

O corte gratuito também poderá ser feito nesta terça-feira (10) e nos dias 24, 26 e 31 deste mês, das 9h às 17h, em um stand na Estação Central do metrô, na Rodoviária do Plano Piloto, no centro da capital. O atendimento é feito por estudantes e professores de Instituto Helio, centro brasiliense de cursos de beleza.

A única exigência na doação é que a mecha de cabelo tenha, no mínimo, 10 centímetros (cm). Para quem preferir cortar o cabelo em outro lugar, a madeixa para doação deve ter pelos menos 20 cm e a orientação é que, ao ser cortado, o cabelo esteja amarrado e seco. A mecha para doação deve ser guardada e levada em um saquinho ou envelope.

Doador de cabelo desde o ano passado, o estudante de mestrado Marco Emílio, de 27 anos, decidiu participar da campanha novamente este ano. “Sou um reincidente. Se pode fazer alguém feliz, por que não?”, disse.

Em 2015, a campanha arrecadou 300 madeixas, que resultaram em 50 perucas. No ano passado, o número de perucas dobrou: foram arrecadadas 700 mechas, que renderam cem perucas.

Autoexame

Além do gesto solidário e da bem-vinda mudança na aparência, a campanha estimula as mulheres a acompanhar mais de perto a própria saúde, reparando em eventuais sinais que auxiliam na detecção de anormalidades nos seios, como secreções e saliências. “Acho fundamental o processo de conscientização, porque as orientações são sempre poucas”, diz a integrante do instituto Fabiana Dias, que já teve casos de câncer de mama na família.

Os familiares do cabeleireiro Marcel Araki, instrutor voluntário na campanha, também passaram por essa prova, ao ver sua tia adoecer. “O câncer de mama deixou de ser tabu. Na minha família, foi esse baque da minha tia que fez com que as outras mulheres ficassem mais atentas. Às vezes, a pessoa que doa diz que não é muito, mas, para a pessoa que recebe [a peruca], é muito importante. Há um aumento da autoestima muito grande”.

A estudante de fisioterapia Rielle de Souza, de 22 anos, voltava para casa quando viu as faixas da campanha no metrô. “Acho importante, porque, se fosse cortar no salão, iam descartar o cabelo”. Diagnosticada com uma doença crônica, ela reconhece que faz testes médicos regularmente apenas por causa de sua condição e que, provavelmente, não teria o mesmo cuidado com o corpo e que talvez não fizesse autoexames. “Não se pode procurar ajuda médica somente quando tiver um problema”, alertou.

Com 67,74 casos para cada 100 mulheres, o Distrito Federal está entre as unidades da federação com maior incidência desse tipo de câncer, junto dos três estados da Região Sul e de São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca). A Região Norte, por sua vez, apresenta as menores taxas, que variam de 14,93 (Amapá) e 25,35 (Rondônia) para cada 100 mulheres.

No dia 24, além do corte de cabelo, quem passar pelo stand da campanha poderá participar de uma roda de conversa com um profissional da área de oncologia, às 15h30.

Desde o final de maio, o governo do DF é obrigado a fornecer perucas aos pacientes submetidos a quimioterapia. A Procuradoria-Geral do DF analisa a constitucionalidade da lei.

Da Agência Brasil