A Universidade Federal de Goiás (UFG) se prepara para um novo ciclo de gestão com a consulta pública que definirá a reitoria para o período de 2026 a 2029. Entre as candidaturas apresentadas, a chapa “UFG com Você”, encabeçada pela professora Karla Emmanuela Ribeiro e pelo professor Eliomar Lima, defende uma proposta centrada em gestão descentralizada, permanência estudantil e ampliação do diálogo com a comunidade acadêmica.
Em sabatina transmitida pelo programa Pauta 1, da Sagres TV, a professora Karla destacou a importância do momento atual para repensar a universidade. Com 15 anos de atuação na universidade, doutora em Geografia e com experiência em diversos cargos de gestão, ela defende que a UFG precisa se reinventar diante dos desafios do século XXI.
Para ela, o modelo atual ainda carrega resquícios de uma “universidade empreendedora”, mas precisa avançar para uma instituição mais conectada com a sociedade. “Nós precisamos ultrapassar essa situação da universidade empreendedora e ir para uma universidade que se conecte e dialogue cada vez mais com a sociedade. Para levar a UFG a esse novo patamar, precisamos de mudanças que são próprias de uma instituição que cresce muito”, explicou.
Entre as propostas apresentadas, a desburocratização dos processos internos se destaca como eixo central. A candidata argumenta que a universidade pode se tornar mais eficiente sem, necessariamente, demandar mais recursos. “Desburocratizar significa reduzir etapas e fluxos desnecessários. Às vezes, para conseguir um transporte ou uma assinatura de projeto, o pesquisador precisa passar por cinco etapas. Podemos simplificar isso para dinamizar a vida de quem produz dentro da universidade”, pontuou.
Karla enfatizou que a gestão deve estar baseada na escuta ativa da comunidade acadêmica. “Quem está na sala de aula, na pesquisa, na extensão, sabe onde os gargalos estão. É ouvindo essas pessoas que poderemos construir soluções eficientes”, declarou. Outro ponto central do projeto da chapa é enfrentar a limitação orçamentária, realidade comum às universidades públicas federais.
Para a professora, o desafio deve ser enfrentado com um modelo de gestão mais articulado e menos fragmentado. “Recursos vão ser sempre insuficientes. A saída está em melhorar o modelo de gestão. Não estamos falando de mágica, mas de integrar capacidades e ouvir quem está na base”, defendeu.
Ela acredita que, mesmo com escassez de verba, é possível ampliar o impacto das ações universitárias por meio da articulação de iniciativas já existentes. “Se eu potencializo o que os estudantes fazem em empresas juniores, em ligas acadêmicas, e integro isso com ações das unidades acadêmicas e da reitoria, eu multiplico resultados. Mas isso exige uma gestão que não seja isolada, e sim comprometida com o coletivo.”
Com a sabatina, o programa Pauta 1 inaugura uma série de entrevistas com os candidatos à reitoria da UFG, oferecendo à comunidade acadêmica a oportunidade de conhecer os projetos em disputa. A consulta pública está marcada para junho, e o resultado ajudará a compor a lista tríplice que será encaminhada ao Ministério da Educação para definição da nova gestão.
“O que propomos é uma universidade mais eficiente, mais inclusiva e mais conectada com o seu tempo. E isso só se constrói com diálogo e participação ativa”, concluiu a professora Karla.
Um dos principais pontos da entrevista foi a extensão universitária, considerada por Karla como um dos pilares centrais da UFG. A professora destacou que, além de aproximar a universidade da comunidade, a extensão é uma via de aplicação prática dos conhecimentos gerados na pesquisa. “Ali não é só o contato com a comunidade. Ali é como as nossas soluções vão sendo amplificadas para resolver problemas da sociedade”, afirmou.
Karla também reconheceu os desafios enfrentados por estudantes e professores na realização de atividades extensionistas, especialmente a falta de transporte adequado. “Às vezes, você precisa deslocar equipes da UFG para determinada comunidade, mas não tem ônibus, não tem seguro viagem para os estudantes. Isso inviabiliza as ações”, explicou.
A chapa propõe a aquisição de veículos adaptados para áreas rurais e estradas vicinais, garantindo acesso a comunidades quilombolas, indígenas e periféricas. “Adquirir transporte que vá só para a área urbana é excluir as ações que chegam aos grupos mais vulneráveis”, pontuou.
A candidata também propôs a criação de plataformas de conexão entre o que a universidade oferece e o que a sociedade demanda. A ideia é tornar mais visíveis os projetos e serviços oferecidos por diferentes unidades da UFG, como as faculdades de Odontologia e Enfermagem. “Nem todo mundo sabe, por exemplo, que temos uma sala de vacinação. Precisamos divulgar e facilitar o acesso”, disse.
Além da extensão, Karla destacou a necessidade urgente de investir na manutenção predial da universidade. Segundo ela, muitos prédios sofrem com infiltrações e mofo, o que afeta diretamente o trabalho de docentes, técnicos e estudantes. “O professor fica ansioso: ‘Será que vai chover e eu vou perder meu equipamento?’. Precisamos garantir ambientes de trabalho saudáveis”, defendeu.
Para isso, a candidata afirma que é preciso estabelecer prioridades de investimento: “Nós crescemos, mas a manutenção ainda é precária. Precisamos cuidar do que já temos”. Outra prioridade da chapa é o acolhimento e a saúde mental da comunidade acadêmica.
Karla destacou os impactos da pandemia na vida das pessoas e a importância de espaços de escuta e convivência. “Queremos criar espaços onde os estudantes possam descansar, conversar, se sentir bem. Isso também vale para professores e técnicos. Todos precisam ser ouvidos e reconhecidos”, afirmou. A proposta dialoga com a Política Nacional de Cuidados, lançada recentemente pelo governo federal.
Sobre a modernização da universidade, a professora enfatizou a importância de dialogar com as novas gerações e integrar tecnologias de forma humanizada. Karla defende o uso da inteligência artificial para potencializar o trabalho humano. “Queremos tecnologias que não substituam, mas que apoiem as pessoas. Uma gestão mais eficiente, com processos modernizados, mas com foco no bem-estar”, explicou.
Encerrando a entrevista, Carla reafirmou o compromisso da chapa com uma gestão voltada para o presente e o futuro. “A universidade cresceu muito, mas ainda tem uma estrutura que lembra o século XIX. Precisamos de uma universidade do século XXI, que dialogue com a juventude e com as novas possibilidades”, declarou. E finalizou com um convite: “A UFG existe para a sociedade como um todo. Por isso, convidamos todos a fazerem parte do projeto UFG com Você”.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade
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