Em entrevista à Rádio 730, o engenheiro Leonardo Lins de Albuquerque, presidente da Celg Distribuição, revela que a estatal continua inadimplente com o sistema elétrico nacional. Leonardo já possui experiência como diretor de expansão de duas distribuidoras federalizadas, e assumiu o posto de presidente por meio de uma decisão conjunta entre Governo Estadual e Governo Federal.

Lins analisa que a situação financeira continua complicada. “Ao longo desses anos, acumulou-se uma dívida grande e se busca dar um equacionamento ao assunto. Ao mesmo tempo, conhecer todos os pontos de carência”, relata Lins, que é técnico da Eletrobrás e foi indicado para a presidência da companhia, em um acordo entre os governos federal e estadual.

Leonardo explica que investimentos precisam ser feitos. A exemplo do passivo da empresa, o presidente informa que levantamentos estão sendo realizados para que a estatal possa buscar recursos para novos financiamentos no sentindo de melhor atender os consumidores do estado. O objetivo é conseguir os recursos junto a fundos especiais destinados ao setor, que tem juros bem menores do que os praticados no mercado financeiro.

A segunda parcela do acordo feito entre Governo Estadual e Federal está atrasada em quase um mês, o que pode atrasar tanto os planos de invesimentos quanto a aplicação do reajuste nas tarifas. Leonardo Lins diz que as pendências do acordo vem sendo tratadas entre a Celg Participações (Celgpar), Governo de Goiás e Governo Federal. A distribuidora aguarda a conclusão das negociações para dar sequência ao trabalho de reestruturação da empresa.

Lins aborda que sem a segunda parcela do acordo a situação financeira da empresa continua difícil. “Com os próprios levantamentos que nós estamos fazendo, os próprios recursos, desse acordo, ainda será um período de equilíbrio que será longo”.

“Está sendo montando o fluxo de caixa para que a estatal não tenha surpresas ao longo dos anos. Estamos procurando as alternativas, pagamentos de financiamentos anteriores, seja para Eletrobras, seja para outras fontes. Vamos fazer uma repactuação, prolongamento de prazos de pagamentos”, atesta o presidente.

Ele informa que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabelece referências às distribuidoras com objetivo de que ela seja gerida com eficiência, para que o consumidor não precise pagar pela ineficiência da mesma. A Celg tem algumas áreas com custo superior à empresa de referência estabelecida pela Aneel. “Estamos analisando isso, vendo quais são as alternativas, analisando com a diretoria da empresa, para repactuar alguns contratos. É um desafio grande”.

A estatal goiana continua impedida de realizar o reajuste na conta do consumidor. “Tendo em vista a inadimplência que a Celg está com vários fundos setoriais a recolher. Pela legislação do setor elétrico ela fica com suas tarifas bloqueadas”, diz o presidente.

Segundo Leonardo Lins, o reajuste da tarifa elétrica passa pela Aneel, que analisa se a alteração está dentro dos limites adequados com o aumento de custo que a empresa apresenta. O índice acumulado pela não aplicação de reajuste nos últimos sete anos deve ser aplicado nas tarifas de forma parcelada. Mas isso só vai ser analisado após a entrada de dinheiro novo, o que vai colocar a Celg adimplente novamente no sistema e em condição de colocar em prática o reajuste.

“Não pode se falar de percentual enquanto não for feito um melhor levantamento. Só depois da gente ter uma divisão numérica é que eventualmente de pode pensar em aspecto de escalonamento”. Para ele, a área regulatória da distribuidora precisa ser melhorada.