Além do enfraquecimento no Democratas (DEM), a fundação do PSD reflete que os partidos estão submetidos aos interesses de suas lideranças.

A avaliação é de cientistas políticos sobre a criação da sigla, que terá como principal fundador o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

O democrata anunciou no início dessa semana a sua saída do DEM, e esteve no último sábado em Goiânia para acolher assinaturas para fundação do partido. 

Para o cientista político Pedro Célio, a criação do PSD reflete apenas uma característica comum do sistema partidário brasileiro

“Reflete o traço forte de que as organizações estão submetidas aos interesses das lideranças políticas. Isso não é completamente singular, isso é muito repetido nos últimos anos e no caso do Kassab, o problema é que ele tem um incômodo no DEM e está convencido de que deve integrar a base de apoio da presidente Dilma”, opina.

Para o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), embora o PSD tenha o objetivo de acomodar os interesses de Kassab, o novo partido dependerá das lideranças regionais para se posicionar com força no cenário político.

O cientista político Itami Campos acredita que o PSD tende a nascer com força, já que existe interesses de lideranças regionais de se filiar ao partido.

Ele lembra que se a legislação for favorável à legenda, ela pode vir a ter um bom tempo de televisão, fator que pesa nas eleições no próximo ano.

Para Itami, a criação do PSD serve de alerta pra os partidos de direita, principalmente o DEM, que tem a cada pleito reduzido seus eleitores. 

“A direita não tem tido crescimento, e não sabemos por que tem acontecido esse empobrecimento”, declara.

Os dois cientistas políticos também compararam o PSD de Kassab com o do ex-presidente Juscelino Kubistchek, extinto em 1964. Embora Kassab tente aliar sua imagem a de JK, Pedro Célio diz que as semelhanças do PSD do século passado estão apenas na sigla.

“A época é outra, a composição e a motivação são outras, o Kassab está simplesmente querendo criar uma nova organização para acomodar os seus interesses e fazer com que isso coincida com os incômodos que os outros políticos regionais devem estar sentindo, para integrar um novo partido”, explica.

Itami Campo critica a postura de Kassab. “Ele passa usar as imagens de recursos históricos, imagens de candidatos num partido que não tem a tradição e a trajetória que o PSD teve”, completa.