O Centro de Estudos, Monitoramento e Previsão Ambientais do Cerrado, o Cempa-Cerrado, já está em funcionamento na Universidade Federal de Goiás (UFG), após a chegada de cinco computadores de alto desempenho. Em entrevista à Sagres, o professor Laerte Ferreira explicou que esses equipamentos serão utilizados para previsões do tempo e de clima.

“Obviamente, quando a gente fala de tempo e clima, se a gente consegue ter estimativas, previsões mais detalhadas e mais apuradas, nós transformamos o clima em um aliado do produtor rural. […] Ter informações de tempo mais precisas também tem repercussão muito positiva no meio ambiente. Então o Cempa será um importante aliado para nós promovermos a conservação ambiental do cerrado e efetivamente aliarmos produção de alimentos com conservação ambiental”.

Ouça a entrevista completa:

O professor afirmou que o Cempa funcionará para todo o Cerrado, mas com foco no Estado de Goiás. Laerte detalhou que, hoje, as previsões do tempo para o Estado tem 25 km de resolução espacial, enquanto que com o Cempa será possível diminuir para 5 km de resolução espacial, ou seja, o nível de detalhamento aumentará em muitas vezes.

A resolução espacial é a capacidade do sensor de captar objetos na superfície da Terra. A medida de distância menor indica que os novos equipamentos serão capazes de identificar mudanças no clima em regiões menores e com mais detalhes, pois é como se o sensor estivesse posicionado mais próximo do local em que faz a previsão.

“O Cempa vai ser um centro de excelência na questão de estudos do tempo e do clima, mas, obviamente, fazendo previsões ambientais que vão além, vai trazer detalhes especiais. Outra coisa inédita, que não existe em Goiás, é a previsão de tempo com sete dias de antecedência”, declarou.

Além do agronegócio, que poderá se beneficiar com a antecedência das previsões, o projeto visa aliar conhecimentos entre diferentes áreas, como física, matemática e ecologia para, por exemplo, estimar a qualidade do ar em Goiás e fazer estudos referentes à geração de energia eólica e solar para o Estado. “Um grande centro de estudos, de pesquisas, mas que também vai gerar resultados operacionais”.

Clima urbano

Também a expectativa do uso do equipamento em Goiânia, onde será possível, segundo o professor Laerte, obter previsões com 1 km de resolução espacial. “Isso é inédito no país. Nós teremos informações com nível de detalhes em relação a possibilidade de chuva na Capital sem precedentes”, declarou Laerte, que ainda disse que isso contribuirá para um melhor planejamento na infraestrutura e aumento da qualidade de vida em Goiânia.

O Cempa vai operar em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, também, com a Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (SEMAD), além de ter integração com o Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig). “O Cempa é uma grande ação colaborativa. Estamos trazendo coisas inéditas para Goiás, aliando o uso de inteligência artificial para previsão de tempo e clima”.