Os anapolinos estão acostumados às viradas eleitorais. Em1965, o médico Raul Balduíno derrotou o também médico, Henrique Fanstone, o favorito absoluto, com os votos que chegaram do distrito de Souzânia. Fanstone tinha ficado à frente durante toda a apuração, que na época era manual e demorava mais de um dia. Outras viradas aconteceram, mas a mais impactante ocorreu em 1992.

Adhemar Santillo (MDB) dormiu líder absoluto na véspera da eleição e acordou derrotado. A mudança aconteceu naquela noite, depois de um debate eleitoral. Venceu o ex-deputado estadual Wolney Martins (PDS). Em 2000, 2002 e 2008 novas reviravoltas em Anápolis.

Em 2020 o prefeito Roberto Naves (PP) era o favorito. Ele disputaria a eleição com nomes pouco competitivos, entre eles a vereadora petista Geli Sanches. O ex-prefeito Antônio Gomide, que deixou a prefeitura em 2014 com popularidade na casa dos 90%, não era candidato, mas mudou de ideia às vésperas das convenções diante da dificuldade eleitoral da candidata petista. Entrou como favorito, até surgir um padre em seu caminho.

Do mesmo distrito de Souzânia, de onde saíram os votos da virada eleitoral de 1965, o padre Genésio Lamunier entrou na campanha com seu sermão antipetista. “O Brasil não quer mais Lula. O Brasil não quer a herança da Dilma. O Brasil não quer o Temer. Nem o Brasil nem Anápolis querem o senhor. O senhor é seu pior adversário. Estou aqui contra a agenda anticristã do PT”, disse em um vídeo.

O antipetismo avançou e atingiu Gomide em cheio. Ele começou a campanha com 24 pontos à frente do prefeito Roberto Naves, de acordo com pesquisa Serpes/O POPULAR, divulgada no início de outubro. Só que ele perdeu terreno. O petista ficou 17 pontos percentuais atrás do prefeito Naves, que chega na eleição deste domingo (29) como favorito. Agora é Gomide quem confia nesse histórico de virada para vencer.

“Aqui em Anápolis já tivemos surpresa no final de eleições. E nós estamos trabalhando no sentido de buscar junto ao eleitor um esclarecimento cada vez maior, daquilo que a cidade precisa para os próximos quatro anos. Temos uma historia na cidade”, afirmou Gomide em entrevista ao Manhã Sagres.

O prefeito Roberto Naves tem explicação própria para a guinada do primeiro turno. “Nós estamos prefeito há quatro anos. E nesses quatro anos enfrentamos crise econômica em 2017 e 2018. Este ano enfrentamos a pandemia e mantivemos uma comunicação efetiva. Nós conseguimos evoluir. Anápolis hoje é a única cidade que tem uma UPA pediátrica. Foi a segunda cidade que mais gerou emprego na pandemia. Esse período eleitoral foi uma oportunidade para mostrar tudo que fizemos e o que ainda temos de propostas pra melhorar ainda mais”, pontou Naves.

De acordo com pesquisa Serpes, Naves continua na frente, mas como se trata de Anápolis, a prudência ensina a esperar o resultado oficial das urnas para saber quem será o novo prefeito.