Durante participação no programa Tom Maior, o cardiologista Silvio Al Essi fez um alerta contundente sobre os riscos à saúde causados pela combinação de bebidas energéticas com álcool. A discussão teve como ponto de partida o relato do ator Rafael Zulu, que recentemente usou suas redes sociais para compartilhar um episódio de fibrilação atrial — uma arritmia cardíaca potencialmente grave.
“Fibrilação atrial é quando o átrio do coração bate numa frequência tão alta, acima de 400 batimentos por minuto, que ele começa a fibrilar, ou seja, a contrair de forma desorganizada”, explicou Silvio. “Isso pode causar desde falta de ar e dor no peito até, em alguns casos, consequências fatais.”
O cardiologista chamou atenção para a chamada “síndrome do coração do feriado”, termo utilizado para descrever pacientes que exageram no consumo de álcool ao longo do fim de semana e acabam no pronto-socorro com arritmia cardíaca na segunda-feira. “O excesso de bebida alcoólica é uma causa muito comum de fibrilação atrial na prática clínica”, afirmou.
No caso de Rafael Zulu, que mencionou ter consumido energético antes de sentir os sintomas, Silvio pondera: “Ele colocou a culpa no energético, mas possivelmente houve a mistura com álcool. Essa combinação potencializa o risco.”
Quantidade segura de cafeína
Sobre os limites seguros de consumo, Silvio esclareceu: “Uma lata de energético tem cerca de 80mg de cafeína, o mesmo que um copo de café coado. Estudos mostram que até 300mg por dia de cafeína podem até ter efeito protetor contra arritmias. O problema é o exagero.”
Segundo o especialista, muitos jovens acabam ultrapassando esse limite com facilidade em festas, ao ingerirem grandes quantidades de misturas com energético e álcool. “Cinco copos de um drink com energético podem conter mais de 500mg de cafeína. Se a pessoa tomar dois desses, já chega a 1 grama de cafeína — mais do que o triplo do recomendado.”
Silvio ressaltou que os efeitos variam de pessoa para pessoa. “Há quem sinta palpitações com apenas duas xícaras de café. Essas pessoas devem moderar, mesmo que os consensos médicos não recomendem cortar totalmente a cafeína.”
Ele também alertou para pacientes com doenças cardíacas genéticas, chamadas de canalopatias. “Em um estudo com 214 pacientes que sofreram morte súbita recuperada, 5% haviam consumido energético antes do evento. Para esse grupo, qualquer quantidade pode ser fatal.”
“Natural” nem sempre é sinônimo de seguro
O cardiologista comentou ainda sobre substâncias vendidas como naturais, como o pó de guaraná, amplamente utilizado como pré-treino. “Guaraná também tem cafeína e outras substâncias estimulantes. Não é porque está rotulado como natural que é inofensivo”, alertou.
Ele criticou a banalização de dicas de saúde nas redes sociais. “Hoje existe o tal do gerador de conteúdo. Mas conteúdo de verdade vem dos livros e das referências científicas. O que vemos é muito achismo.”
A principal orientação do médico é buscar avaliação profissional antes de usar substâncias como cafeína em grandes quantidades, principalmente se combinadas com exercício físico. “Antes de tomar energético, pó de guaraná ou até café em grandes doses, o ideal é procurar um cardiologista para checar se existe alguma cardiopatia. E também um nutricionista, para orientar a alimentação antes e depois do treino.”
Por fim, Silvio reforçou a importância do equilíbrio: “Tudo na vida é um meio-termo. Não adianta exagerar na bebida alcoólica nem nos energéticos. Moderação é a chave.”
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 03 – Saúde e Bem-Estar
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