SÃO PAULO (Reuters) – Um confronto entre policiais e manifestantes que tentavam bloquear a principal via de acesso à Arena Corinthians, palco da abertura da Copa do Mundo nesta quinta-feira, deixou ao menos cinco pessoas feridas, incluindo jornalistas. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral para dispersar o protesto, e manifestantes lançaram pedras, atearam fogo no lixo que estava na rua e depredaram placas de trânsito e calçadas.

Um grupo de cerca de 200 manifestantes, segundo a polícia, que se concentrou nesta manhã perto da estação de metrô Carrão, tinha como objetivo fechar a Radial Leste, que dá acesso ao estádio. A estação foi fechada devido ao protesto a pedido da polícia. Um cordão de isolamento, com cerca de 300 policiais, foi montado para conter os manifestantes e impedir o acesso à Radial Leste. 

Depois da primeira ação de repressão por volta das 10h, os manifestante se dispersaram e passaram a tentar invadir a avenida Radial Leste por vias alternativas, mas a PM alertou que não permitiria o acesso dos manifestantes ao local, na zona leste da capital paulista, e usou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha. 

Um dos manifestantes, Valdemário Silveira, foi atingido por estilhaço de bomba de efeito moral. Segundo um porta-voz da PM, ao menos cinco pessoas ficaram feridas, mas um número exato somente deverá ser divulgado mais tarde. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, duas pessoas foram levadas para Hospital Municipal Dr. Cármino Caricchio.

O estudante Luiz Gustavo, que participava do protesto, disse que o objetivo era atrapalhar a passagem do ônibus da seleção brasileira. Ele criticou a ação “desproporcional” da PM. O Mundial tem sido alvo de protestos desde o ano passado. Manifestantes insatisfeitos com os investimentos no torneio, cujos gastos totalizaram 25,8 bilhões de reais, têm tomado as ruas de cidades do país para protestar contra serviços públicos deficitários nas áreas de saúde, educação, transporte e segurança. 

A segurança nas cidades-sede da Copa foi reforçada para conter possíveis protestos, como os ocorridos no ano passado durante a Copa das Confederações. Dezenas de atos contra a Copa foram marcados, por meio de redes sociais, para o dia de abertura do torneio. Além disso, greves de diferentes categorias ameaçam prejudicar a realização do torneio.

Funcionários do metrô de São Paulo chegaram a cruzar os braços por cinco dias, voltando ao trabalho somente na terça-feira. No Rio, cerca de 1.000 manifestantes, segundo a polícia, saíram em marcha no centro da cidade, da Candelária em direção à Cinelândia, carregando cartazes contra a Copa do Mundo e denunciando a má qualidade do atendimento público em áreas como saúde, educação e transporte. À frente do protesto, manifestantes mascarados, conhecidos como black blocs, queimaram bandeiras do Brasil.

Mais cedo, um protesto formado por poucos aeroviários, que convocaram uma paralisação de 24 horas, que já foi suspensa, bloqueou parcialmente a avenida que dá acesso ao aeroporto internacional do Galeão, provocando grande congestionamento na região.