“Ele lutou muito para chegar onde chegou, até porque quando saiu de casa não tinha nem 14 anos. Eu tenho muito orgulho e me sinto muito feliz por ele estar onde está hoje”. Essa declaração pode representar o sentimento de muitas mães de jogadores de futebol, mas hoje foi dita por dona Isabel, mãe do meia Matheuzinho do Atlético à Rádio Sagres 730.
Em meio aos crochês e às orquídeas em Penápolis, interior de São Paulo, Isabel Antônia Cotúlio Bossa atendeu à reportagem para uma homenagem ao dia das mães. Como em outros anos, em 2020 ela passará essa data especial longe do filho que está em Goiânia na expectativa para o retorno dos treinamentos no Atlético Goianiense.
E por falar no Dragão, a mamãe do meio-campista agradeceu o carinho da torcida rubro-negra com o jogador. “Eu fico tremendamente feliz. Sempre falo que se gosta do meu filho, eu gosto mais ainda. Para uma mãe isso é muito gratificante e um orgulho tão grande!”
“No Whatsapp os amigos e familiares me mandam mensagem ‘nossa eu vi o Matheus hoje, o gol que ele fez. Que golaço! O Matheus conversa com todo mundo, dá atenção para todos que falam com ele’. É muito orgulho ter um filho como eu tenho. Ele tira a roupa do corpo para te dar se for preciso, tem um coração que vale ouro”, comemorou.
Todo o reconhecimento e carinho que Matheus recebe dos atleticanos mesmo com pouco mais de um ano no clube, fez com que a família tivesse uma torcida especial pela equipe goiana e dona Isabela já se considerando uma rubro-negra nata.
“Pode (considerar torcedora), sem sombra de dúvida! Temos a camisa que ele nos deu, para mim, para meu marido e até para o meu netinho de três anos que inclusive é afilhado dele, o Lorenzo. A família toda aqui, atleticana roxa de corpo e alma. Nós torcemos muito, não só para ele como para o Atlético também. Se Deus quiser tudo vai dar certo quando acabar essa pandemia e eu não vejo a hora dos campeonatos recomeçarem, a torcida aqui é muito grande”, afirmou.
Matheus no CT do Dragão com a mãe Isabel, a esposa Jéssica e o pai Jair (Foto: Arquivo Pessoal)
Morando em Penápolis, seu Jair e dona Isabel não conseguem acompanhar de perto o filho sempre que desejam. Por isso a saída é ficar com o radinho ligado para não perder nenhum gol do camisa 7 do Dragão.
“Nós assistimos todos os jogos, inclusive ouvimos os comentários após as partidas na Rádio Sagres e enquanto não acaba o meu marido não dorme. A gente acompanha, ouve os jogos pela Sagres e não perdemos um!”, destacou a mamãe.
No início
Todavia, quem vê Matheus brilhando com a camisa do Atlético hoje não imagina tudo o que o jogador precisou superar ao longo dos seus 27 anos. Mesmo prevendo as dificuldades que teria pelo caminho, desde criança já dava indícios da carreira que queria seguir.
“Desde pequeno ele jogava futebol de salão, depois mudou para o campo e gostou mais. Nós o levávamos na escolinha que tinha aqui no clube onde éramos sócios, desde pequeno acompanhávamos nos campeonatos. Ele tem até medalhas dessa época”, explicou dona Isabel.
Matheus e seu primeiro troféu quando criança (Foto: Arquivo Pessoal)
Depois de perceber o potencial do garoto nas partidas do clube de Penápolis, o próximo passo dos pais foi mais doloroso. Prestes a completar 14 anos, o pequeno Matheus passou no teste para integrar a base do São Paulo e precisou se mudar para a capital.
“Quando deixamos ele no CT do São Paulo, nós choramos a semana inteira. Eu me sentia como se tivesse jogado meu filho para o Leão comer, porque deixar uma criança assim, ele não tinha nem 14 anos. Não dava para vê-lo todo dia, a situação era difícil. Tanto que quando ele foi fazer o teste eu não tinha condição nem de comprar uma chuteira nova para ele, ele foi com uma chuteira furada”, relembrou a mãe, emocionada.
“Desde o começo quando ele saiu eu falei ‘filho, é isso mesmo que você quer?’ e ele falou que era. Então eu disse ‘faz o que seu coração tá pedindo. Se deu certo ou não deu, nunca se esqueça que sua família está aqui, sua casa está de portas abertas para você voltar a hora que quiser. Ele disse que queria ser jogador”, completou.
Matheus era camisa 10 nas categorias de base (Foto: Arquivo Pessoal)
Saudade
Depois de se mudar para a capital, os voos de Matheuzinho se tornaram cada vez mais altos e distantes. Posteriormente as experiências no Corinthians e no interior de São Paulo, o meia se mudou para Portugal em 2015 onde defendeu o Estoril Praia; dois anos mais tarde assinou contrato com o Juárez, do México. O período fora do Brasil foi o mais complicado para Isabel.
“Foi mais difícil ainda porque a distância é muito grande e eu não viajava para vê-lo porque morro de medo só de pensar em avião. Não fui no México e nem em Portugal e falava para ele ‘meu filho me pede tudo na vida, menos andar de avião’. Entretanto a gente se falava direto, como é até hoje. Ele liga todo dia, geralmente mais a noite a gente se fala por causa do treino e dos horários”, explicou.
Sendo assim, quando o filho vai para Penápolis, dona Isabel faz questão de mimá-lo com uma comida que ele gosta desde criança. “É tão simples, mas toda vez que ele vem eu faço carne moída com batata. Ele adora! Quando ficava fora nos alojamentos, república ou lugares que meu marido acompanhava, ele sempre fazia para o Matheus também”, disse ela que também é mãe de Lucas.

De filho para mãe

Como a data é especial para as mamães, Matheus também resolveu deixar um recado e ressaltar a importância de dona Isabel em sua vida.
“Minha mãe sempre foi uma mulher muito guerreira e batalhadora. Faça chuva ou faça Sol ela está fazendo seu tricô, seu crochê até meia-noite, uma hora da manhã, para nos oferecer o melhor. Eu sou muito grato porque se hoje estou bem é por causa deles (mãe e pai) também. Eles sempre me ensinaram o que é certo e errado, o bom e o ruim. Então quero aproveitar essa mensagem e desejar um feliz dia das mães para todas as mães do mundo, em especial a dona Isabel. Que elas aproveitem bastante o dia delas, dizer que elas são guerreiras e batalhadores, e que merecem comemorar esse dia. Mãe, te amo!”
Ouça na íntegra a entrevista de dona Isabel à Sagres 730 e conheça um pouco mais a história da mamãe do Matheuzinho: