Mais de 3 milhões de alunos do ensino superior já foram beneficiados com algum tipo de financiamento para a universidade nos últimos quatro anos. Os dados são do Ministério da Educação (MEC). Atualmente o Brasil possui vários tipos de programas de financiamento, mas especialistas alertam sobre os cuidados que o acadêmico deve ter ao adquirir qualquer um deles.

O economista Danilo Orsida afirma que o financiamento é uma ótima oportunidade para o estudante que tem dificuldades financeiras de manter um curso superior. Contudo, ele destaca os detalhes que devem ser observados antes do fechamento do contrato. “O financiamento estudantil não se trata de um endividamento de curto prazo. Por isso, é importante se atentar aos encargos moratórios, encargos de juros e encargos de correção monetária, por exemplo, que se aplicam na hipótese se inadimplência”, detalha o economista.

Planejamento

Considerando que as parcelas geralmente são cobradas após o término do curso universitário, Danilo indica que o estudante faça uma análise de sua atual condição financeira e projete um plano de pagamento futuro. Para ele é importante que o cidadão só faça o compromisso do financiamento após entender todos os imprevistos que podem aparecer. “Naturalmente um recém graduado enfrenta as dificuldades naturais do mercado de trabalho, que é a dificuldade de inserção no ramo. Então, um grande ponto que deve ser avaliado é esse intervalo entre a conclusão do curso e de fato a consolidação desse profissional no mercado”, alerta.

Lucas Felipe e esposa, Sara Louyse, em sua colação de grau.

Lucas Felipe Araujo é engenheiro civil, se formou em 2018 e conta que a concretização do sonho universitário só foi possível com a ajuda do financiamento estudantil. “A bolsa foi um divisor de águas. Quando fui aprovado cheguei a participar de um programa do governo com isenção das mensalidades, mas por conta de reprovação em matérias perdi a bolsa. Na época eu tinha duas opções: trancar a faculdade ou financiar”, relembra.

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Sabendo das dificuldades que enfrentaria para manter as parcelas em dia, Lucas procurou um financiamento e conseguiu concluir o curso. Hoje, ele trabalha em uma empresa do ramo e destaca que está bem satisfeito com a profissão, mas lembra que teve medo de fazer parte dos mais 2 milhões de jovens inadimplentes brasileiros. “Logo que eu terminei a faculdade fui contratado onde trabalhava como estagiário. Porém, na época, eu me preparava para casar e eram muitas contas. Tinha o casamento, a casa e as parcelas restituíveis, que custavam metade do meu salário na época. Me preocupei”, relembra o engenheiro civil.

Plano B

Para ingressar em uma universidade com o financiamento, em primeiro lugar é preciso procurar a secretaria da instituição para se informar dos programas aceitos por ela. O economista Danilo Orsida indica ainda, para aqueles estudantes que trabalham, que conversem com os empregadores sobre os projetos de estudo. Segundo ele, alguns empresários oferecem bolsas aos funcionários. “A gente chama de incentivo fiscal. A empresa concede uma bolsa ao funcionário e o valor gasto é descontado em impostos. Essa pode ser uma boa alternativa para quem quer evitar o endividamento futuro”, explica.

Economista, Danilo Orsita, alerta estudantes sobre cuidados com financiamento estudantil.

Tipos de financiamentos

O Brasil possui inúmeros tipos de financiamentos estudantis. Confira os três programas mais populares:

Fies: Atualmente, o mais popular financiamento de estudos é o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Para concorrer ao benefício o estudante precisa ter feito o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio); ter nota mínima de 450 na prova e não ter zerado a redação. A seleção é feita pelo site oficial do programa.

Financiamentos bancários: Essa é uma opção para quem não conseguir a aprovação no programa do Governo Federal. Por meio desse crédito privado, é possível parcelar até 100% do curso. Mas, como destacou o economista Danilo Orsida, é preciso analisar as particularidades do financiamento de algumas instituições, já que muitas oferecem essa opção apenas para estudantes de faculdades conveniadas.

Financiamentos pelas próprias universidades: Está se tornando cada vez mais comum as universidades aderirem a um próprio sistema de financiamento. Nessa modalidade não é necessário que o estudante tenha realizado o Enem. As formas de pagamento e prazo não são padronizadas, cada instituição decide a sua.