Quando as aulas presenciais voltarem em todo o Brasil, um dos principais desafios das escolas será avaliar os prejuízos causados pela pandemia da Covid-19 em relação à alfabetização. É o que explica a especialista em Alfabetização, Maria Alice Jungueiro, em entrevista à Sagres TV nesta terça-feira (8), Dia Mundial da Alfabetização.

“Ter um diagnóstico do que realmente foi perdido ou avançado, e a partir daí desenvolver um trabalho bem consistente no sentido de recuperar, principalmente com as crianças em processo de alfabetização, aquilo que foi perdido. Esse não é um desafio pequeno, é preciso ter muita clareza de quais são os direitos de aprendizagem garantidas às crianças na Base Nacional Comum Curricular e saber traçar prioridades”, argumenta.

Maria Alice Jungueiro acredita que poderia haver maior engajamento por parte do Ministério da Educação. Só durante a pandemia, foram duas trocas de comando no MEC. O atual, Milton Ribeiro, assumiu recentemente, em em meados de julho.

“Seria muito importante que nesse momento a gente tivesse, no nível federal, uma articulação, uma liderança realmente nos guiando nesse momento. Os Estados estão fazendo esse papel e estão fazendo o melhor possível”, analisa.

A alfabetização é a base da educação, que, por sua vez, é um direito humano fundamentado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). No entanto, o acesso ao ensino básico de qualidade ainda é uma realidade distante para muitas pessoas, que encontram dificuldades para se alfabetizar ou continuar os estudos pelas desigualdades sociais, por preconceitos diversos, por disparidades de gênero e tabus culturais.

A especialista em Alfabetização afirma que o país avançou em relação ao modelo de aulas à distância, mas sustenta que a educação longe da sala de aula não chegou a todos os brasileiros.

“Nem todos os alunos puderam usufruir desse desenvolvimento e nem todos os professores também. Dependem muito do apoio que as secretarias estaduais e municipais puderam dar à sua equipe de professores, coordenadores pedagógicos, diretores, enfim, e das possibilidades de acesso de cada região. Por um lado a gente teve um grande desenvolvimento, por outro lado grandes dificuldades”, pontua.

O Dia Mundial da Alfabetização foi criado em 8 de setembro de 1967 pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A data tem como objetivo ressaltar a importância da alfabetização para o desenvolvimento social e econômico mundial.