Haviam transcorrido apenas 38 minutos do primeiro tempo da partida de quartas de final contra Gana quando o quarto árbitro ergueu a placa indicando a saída de Diego Lugano e a entrada de Andrés Scotti. Antes de cruzar a linha lateral, o capitão uruguaio entregou a braçadeira a Diego Forlán. Com dor e abatimento, se dirigiu ao banco de reservas.
O sentimento de Lugano era compreensível. Afinal, o banco não é um lugar habitual para ele desde a sua estreia com a seleção principal em um confronto de eliminatórias em 2003. Muito menos comum é vê-lo deixar a Celeste que tanto ama em um duelo tão importante. Porém, foi do reservado que ele precisou acompanhar todos os altos e baixos de uma partida que, depois de muito drama, acabou com vitória uruguaia nos pênaltis.
“Ver tudo de fora é algo muito intenso”, confessa Lugano em entrevista exclusiva ao FIFA.com. “Estar em uma situação como esta depois de tanto sacrifício e ter de sair por uma jogada casual, em que me caem em cima do joelho, é inacreditável. O lado bom é que joguei dez minutos com aquela dor, e por isso não deve ter sido nada tão grave. Agora preciso ver como vai evoluir e dar tudo e mais um pouco para ver se chegamos à final.”
Lugano ficou de fora de apenas três das 20 partidas disputadas pelo Uruguai nas últimas eliminatórias sul-americanas. Não apenas foi o jogador uruguaio que mais atuou (1.670 minutos no total), como também contribuiu com quatro gols, o mais importante deles no jogo de ida da repescagem contra a Costa Rica em San José.
Pela sua personalidade e pelo que significa para a Celeste, muitos poderiam imaginar que Lugano só deixaria o campo se fosse para sair de ambulância. “É necessário ter maturidade e espírito de grupo em situações assim”, explica o ex-zagueiro do São Paulo. “Ainda faltava muito tempo de jogo e eu estava dando vantagem a eles, o que é imperdoável neste nível. Então decidimos com o médico e o treinador que seria melhor fazer a mudança.”
OTIMISMO CONTIDO
As imagens do jogo contra Gana continuam se repetindo na cabeça de Lugano. “Sabíamos que seria um jogo dificílimo, porque eles têm muita força e jogam bem”, afirma. Embora reconheça que a sorte cumpriu um papel importante, ele não deixa de dar méritos à “defesa” de Suárez no último minuto da prorrogação. “O Luis fez vários gols na Europa, mas nunca nenhum tão importante como o que evitou. Acho que naquela jogada tivemos uma sorte que o futebol uruguaio não tinha havia 60 anos. Que seja bem-vinda!”
O jogador que atualmente defende o Fenerbahçe da Turquia vai fazer o que for possível para atuar diante da Holanda nas semi finais, mas põe o grupo em primeiro lugar. “Fizemos muito para chegar até aqui, mas temos um plantel incrível, que tem tranquilidade e maturidade. Acredito que vou poder jogar, mas, caso contrário, há companheiros que demonstraram que podem tomar o meu lugar.”
Para concluir, Lugano faz uma reflexão sobre um rival que eliminou simplesmente o Brasil. “Vimos quase todas as partidas. São 11 jogadores de altíssimo nível, mas os do meio para a frente podem todos desequilibrar. Além disso, o toque de bola coletivo é excelente e dá para ver que estão comprometidos em levar o troféu pela primeira vez para a Holanda. Vai ser duríssimo, mas, sendo a semifinal de um Mundial, não se pode esperar outra coisa. Mesmo assim, estou otimista e continuo sonhando com o título.”
FONTE: FIFA.com