O número de lobistas do setor de combustíveis fósseis presentes na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 28) registrou um aumento recorde de 1820 pessoas. De acordo com levantamento da organização Kick Big Polluters Out (KBPO), 2456 representantes de empresas do setor de petróleo, carvão e gás participam do evento neste ano, enquanto 636 participaram da COP 27, no Egito.
O número representa um aumento de 286%. Na conferência anterior, em Glasgow, foram 503 pessoas ligadas a empresas do setor de petróleo. A KBOP é uma aliança de 450 organizações que trabalham com clima no mundo e utilizou a lista de participantes publicada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas (UNFCC), em 30 de novembro, para realizar o levantamento.
A análise mostra que o número de lobistas dos combustíveis fósseis é muito maior do que o da maioria das delegações de países. O conjunto das delegações dos dez países mais vulneráveis somam 1.509 membros. Os representantes de países como a Somália levaram 366 pessoas à COP, o Níger possui comitiva com 135 pessoas e a Eritreia tem apenas 7 membros na conferência. Segundo esses dados analisados pela KBPO, lobistas do setor de combustíveis fósseis já estiveram em COPs 7.200 vezes.
Brasil na OPEP+
O aumento expressivo de lobistas dos combustíveis fósseis na conferência do clima acontece no momento em que a diplomacia brasileira enfrenta fortes críticas de ativistas do clima por ter acertado a entrada no grupo de nações associadas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). O anúncio da inclusão do Brasil no OPEP+ aconteceu no dia 29 de novembro, um dia antes do início da COP 28.
O presidente Lula se justificou dizendo que o Brasil não tem interesse de se tornar um membro efetivo da organização, mas apenas atuar como país associado para influenciar os debates e defender que os exportadores de petróleo precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis. A Opep foi criada em 1960 e reúne hoje 13 grandes países ofertantes de óleo no mundo: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Emirados Árabes Unidos, Venezuela, Kwait, Líbia, Argélia, Nigéria, Gabão, Angola, Guiné Equatorial e Congo.
Em meio a adesão do Brasil à OPEP+, sigla que representa o grupo de países aliados, ativistas ambientais na COP 28 escolheram o país como o “Fóssil do Dia”, nesta segunda-feira (4). Segundo os responsáveis pela manifestação, o Brasil confundiu “produção de petróleo com liderança climática”. O “prêmio” é concedido de forma irônica, uma vez por dia, durante as conferências climáticas da ONU desde 1999.
Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).