O Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego) anunciou a interdição do Centro Integrado de Assistência Médica Sanitária (Ciams) do Jardim América a partir desta terça-feira (23). O Conselho argumenta que a “falta de segurança” da unidade põe em risco a integridade dos pacientes atendidos e dos médicos lotados no local.

Com a medida, aprovada pela plenária do Cremego, os médicos ficam impedidos de trabalhar no Ciams Jardim América. O desrespeito à proibição fere o Código de Ética Médica. A interdição, de acordo com o presidente em exercício do Conselho, Adriano Alfredo Brocos Auad, foi a única saída encontrada pelo Cremego diante da “falta de solução para esse grave problema, mais um dos que afetam a unidade, que enfrenta também a falta de materiais, medicamentos, equipamentos e sobrecarga no atendimento”.

Na última segunda-feira, dia 16, um grupo de médicos do Ciams Jardim América esteve no Cremego e apresentou novas denúncias sobre as más condições de trabalho na unidade. Eles reclamaram da falta de segurança no local, onde uma funcionária foi estuprada no último dia 10, durante o expediente. As médicas também denunciaram que têm sido vítimas de assédio sexual no centro de saúde.

No dia 17, o Cremego voltou a vistoriar o Ciams Jardim América e confirmou a denúncia dos médicos sobre a falta de segurança. O relatório da vistoria aponta que a unidade não dispõe de segurança para os funcionários, ficando esse serviço restrito à segurança do patrimônio, que é feita pela Guarda Municipal; que as entradas da unidade ficam abertas em período integral sem vigilância e que o acesso aos consultórios, administração, sanitários e repouso é livre.

O Cremego considerou que manter em funcionamento uma unidade de saúde que não oferece condições dignas de trabalho para não prejudicar a população que faz uso dos serviços ali prestados, esbarra na impossibilidade de se exigir o sacrifício da saúde, e até mesmo da vida, dos profissionais que atuam no local.

“A situação chegou a um ponto insustentável”, observa Adriano Auad, ressaltando que a unidade só será desinterditada quando a segurança for reestabelecida. Ele observa que outras unidades de saúde de Goiânia, inclusive estaduais, enfrentam problemas semelhantes, mas afirma que uma interdição geral nesse momento poderia agravar ainda mais a crise que afeta a saúde pública na capital. “Esperamos que após a interdição do Ciams Jardim América, a Secretaria Municipal de Saúde adote medidas para melhorar a segurança na rede pública”, diz.

O secretário Municipal de Saúde, Elias Rassi Neto; o prefeito Paulo Garcia e o Ministério Público Estadual foram comunicados sobre a interdição.