O Conselho Regional de Medicina (CREMEGO) apura uma possível omissão de socorro no Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (HUAPA). Na madrugada de domingo (1º), um paciente chegou acidentado na unidade e segundo o Corpo de Bombeiros, um médico plantonista teria recusado a atendê-lo. O Cabo que, inicialmente, socorreu o motociclista registrou a ocorrência na Polícia Civil. O paciente recebeu atendimento no Cais do Setor Garavelo.

Uma acareação está marcada para a tarde desta terça-feira (3), no 3° Distrito Policial de Aparecida de Goiânia, entre o Cabo do Corpo de Bombeiros, Clávio Pereira Falcão e o médico do Hospital de Urgências de Aparecida, Elizandro da Cunha Souza. Um ofício foi encaminhado à Diretoria do HUAPA e também ao Corpo de Bombeiros, para que os dois sejam ouvidos.

O presidente do CREMEGO, Salomão Rodrigues afirmou que a culpa não é do profissional e sim do sistema de saúde. “Serão ouvidas todas as partes. O que a gente percebe é que as mazelas estruturais do sistema acabam sendo jogadas em cima das costas do médico. Isso não pode acontecer, o médico é tão vítima do sistema, quanto é o paciente nesses casos”.

As partes alegam que não havia plantonista cirurgião na unidade e tratava-se de um caso cirúrgico. O fato já havia sido comunicado previamente à Central de Regulação da Secretaria de Saúde de Goiás, que ficou responsável por passar a informação ao SAMU e ao Corpo de Bombeiros.

Segundo Salomão Rodrigues, o profissional deveria ter sido atendido no HUAPA, de qualquer maneira. “Nós podemos pressupor que o HUAPA é um hospital de porta fechada. O encaminhamento do paciente não deveria ter sido feito. Ficou bem evidente que não havia condições de atendê-lo”.

Bate-boca

O diretor técnico do HUAPA, Marco Aurélio Pereira Gomes, descreve que houve excesso por parte do Cabo do Corpo de Bombeiros ao procurar o médico plantonista. Segundo ele, apesar da não obrigatoriedade, o profissional não recusou atender o paciente.

“A nossa posição é a mesma do CRM, de neutralidade. O profissional não teve tempo de fazer o atendimento pelo constrangimento que teve [segundo Marco Aurélio, houve agressão verbal]. Quando ele foi prestar atendimento, a ambulância do Corpo de Bombeiro já tinha ido embora”, argumenta.

Caso a investigação aponte que o médico simplesmente não quis atender, ele poderá ser indiciado por Omissão de Socorro. O Corpo de Bombeiros não se posicionou oficialmente ao fato.

Com informações do repórter Samuel Straioto