A volta às aulas e como o transtorno por estresse pós-traumático pode afetar o rendimento escolar estiveram entre os temas do Tom Maior desta sexta-feira (17).

O psicanalista e psicólogo Robson Paiva explicou que o estresse pós-traumático é toda situação em uma pessoa é exposta ao que pode representar risco para a própria vida. Segundo o especialista, isso pode desencadear comportamentos de fuga, defesa ou violentos.

“Nós costumamos associar o estresse pós-traumático apenas àquelas pessoas que têm contato com a violência, como soldados que vão para guerra por exemplo, mas isso não acontece apenas nessas situações. Toda vez que um indivíduo é exposto a uma situação iminente de risco, ele pode desenvolver esse tipo de estresse”, explicou.

De acordo com Robson Paiva, existem grandes chances de pessoas desenvolverem estresse pós-traumático no retorno ao convívio coletivo, inclusive no ambiente escolar. “Esse tipo de estresse pode aparecer em vários momentos e já existem crianças, adolescentes e adultos que estão com sintomas, por do medo do vírus, do adoecimento e até da morte”, esclareceu.

O psicólogo alertou que o distúrbio pode aparecer na volta às atividades, pois crianças e adolescentes, que se sentiam protegidos dentro do ambiente de casa, estarão indo para a rua após serem bombardeados por tantas informações sobre a pandemia.

“O mais grave é que isso pode aparecer anos depois, pois essa questão não é tão simples. O estresse pós-traumático pode aparecer agora, mas pode também surgir dentro de seis meses, um ano ou quando a criança estiver na adolescência ou na idade adulta”, afirmou.

Segundo o psicanalista, é importante que os pais tenham atenção ao conversar com os filhos e mostrem o que é a doença sem assustá-los. “É uma doença séria, mas ela não pode ser tratada como algo imbatível, porque o imbatível revela para gente o horror da morte e o nosso inconsciente lida mal com a perda”, alertou.

Confira na íntegra a entrevista com Robson Paiva no Tom Maior #56