Entre os dias 06 e 10 de junho ocorre a 9ª edição da Cúpula das Américas, evento que pode trazer algumas polêmicas. Sobre esse assunto, o historiador e professor de geopolítica, Norberto Salomão, analisou se ele pode ser um fiasco na política externa de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos.

“A expectativa com esse evento é o de fazer uma virada na política internacional dos Estados Unidos. Assim, o governo Biden acredita que essa possa ser uma oportunidade para construir uma nova agenda e um novo entendimento do que é importante para o continente americano. Além disso, a competição com a China por influência na área e da tensão com a Rússia, em meio à Guerra da Ucrânia, faz com que essa Cúpula tenha um caráter muito estratégico”, explicou.

Porém, em meio a todo esse quadro, Norberto Salomão alerta que “há uma clara crise interna nos EUA”, até mesmo da sua histórica e propalada democracia e capacidade de intervenção eficaz em regiões do planeta.

“Outro aspecto é a dificuldade dos EUA em competir com a China, em investimentos de infraestrutura e inovação, o que ficou evidente com o caso da Huawei”, uma vez que a gigante tecnológica chinesa terá importância nas redes de 5G de países da região, como o Brasil, apesar das tentativas dos americanos de fazer com que os latinos excluíssem a Huawei de suas operações”, afirmou.

Com relação aos governos autocráticos de esquerda, em Cuba, Nicarágua e Venezuela, o professor explicou que os EUA se recusaram a enviar convites a esses países. O fato levou o presidente do México, Andrés Manuel Lopez Obrador, não participar da Cúpula. No total, cerca de metade dos mandatários das Américas estará em Los Angeles. Além de AMLO, outras ausências notórias são os líderes de Bolívia (Luis Arce), Honduras (Xiomara Castro) e Uruguai (Lacalle Pou), que contraiu covid-19 às vésperas do evento.

Diante de tudo isso, Norberto Salomão respondeu se podemos esperar com a Cúpula das Américas alguma ação mais efetiva dos Estados Unidos em prol da América Latina.

“O governo dos Estados Unidos anunciou nesta semana que fará investimentos de US$ 2 bilhões (R$ 9,74 bilhões) na América Central para conter a migração, um dos principais temas na Cúpula das Américas afetada pelo boicote de vários presidentes, como o do México. É bom lembrar que, só na Guerra da Ucrânia, os EUA já gastaram mais de 14 bilhões de dólares e o presidente, Joe Biden, já pediu ao Congresso desde de abril, que aprove um auxílio de mais US$ 33 bilhões (R$ 165 bilhões)”, finalizou.

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