Chuvas abaixo da média histórica desde o final de 2023 resultaram em um aumento significativo de queimadas no Pantanal. Em 2024, o bioma já contabiliza 880 focos de incêndio, um aumento de 898% em comparação ao mesmo período de 2023, que registrou apenas 90 focos. Esse número também representa um crescimento de 253% em relação à média dos três anos anteriores (2021 a 2023), que foi de 255 focos. Esses dados alarmantes são fornecidos pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O volume acumulado nos primeiros cinco meses de 2024 é o segundo maior registrado nos últimos 15 anos, ficando atrás apenas de 2020, que teve 2.128 focos. A persistente seca severa impulsionada pelo forte El Niño de 2023 contribuiu significativamente para esse aumento. Em maio de 2024, foram registrados 246 focos, contrastando fortemente com os 33 focos de maio de 2023. Historicamente, o período mais crítico para incêndios no Pantanal é entre agosto e outubro, com um pico em setembro.

Desde o final de 2023, a seca extrema tem exacerbado os incêndios no Pantanal. Especialistas já alertavam no início de abril sobre a possibilidade de 2024 ser uma das piores secas da história do bioma, agravada pela escassez de água durante a temporada de cheias.

“Em 2020, tivemos aquele fogo catastrófico e as análises atuais mostram que os números de 2024 estão muito parecidos com os que tínhamos naquele ano. Felizmente, todos os setores e a sociedade pantaneira estão alertas porque têm consciência de que se nada for feito, há possibilidade da repetição de grandes incêndios. É preciso atuar rapidamente reforçando as brigadas e contando com o apoio das comunidades locais para evitar uma catástrofe”, afirma Cyntia Santos, analista de conservação do WWF-Brasil.

Falta de chuvas

A falta de chuvas, pouca água acumulada e a presença de matéria orgânica seca nos solos pantaneiros são fatores que agravam a situação. O Serviço Geológico Brasileiro informou que o Rio Paraguai, principal da região, está nos menores níveis históricos.

Em resposta à crise, o estado do Mato Grosso do Sul implementou instruções para práticas de Manejo Integrado do Fogo (MIF).

“O MIF é uma necessidade primordial para evitar grandes incêndios no Pantanal. Essa lei traz a criação de um fundo que também visa projetos de Pagamento por Serviço Ambiental, que permitem que proprietários façam o manejo das pastagens e a prevenção de incêndios, promovendo melhorias no manejo de pastagens, garantindo a sustentabilidade da convivência harmônica entre seres humanos, criação bovina e manutenção da biodiversidade”, disse Cyntia.

Paralelamente, o Instituto SOS Pantanal está arrecadando fundos para investir em desenvolvimento sustentável, preservação e combate a incêndios. Em 4 de junho de 2024, um show beneficente arrecadou mais de R$ 300 mil para ações na região.

Ajuda

O evento contou com apresentações de Daniel Jobim, neto do maestro Tom Jobim, e Seu Jorge, além de uma abertura com Eric Terena e representantes indígenas do Pantanal. A atriz Cristiana Oliveira, embaixadora do SOS Pantanal, também participou.

“Conheci o Pantanal há 35 anos. Era um Pantanal vasto, diverso na sua fauna e flora. Quando voltei em 2020 a única coisa que vi foi a cor cinza. Eu subia o rio Paraguai, olhava do lado direito e já tinha acabado de queimar tudo do lado esquerdo também. O SOS Pantanal tem uma responsabilidade imensa, e é uma ONG que tem bom senso, que sabe dialogar”, disse ela.

Os recursos serão usados para expandir o Programa Raízes do Pantanal, que desde 2020 já plantou 8 mil mudas nativas na Terra Indígena Cachoeirinha. O programa envolve 5 aldeias e 150 pessoas, cobrindo uma área de 80 hectares com 3 nascentes de rios. Os novos fundos permitirão o plantio de mais mudas, a criação de sistemas agroflorestais para produção de alimentos e a restauração de nascentes, além de expandir essas atividades para outras terras indígenas.

Você pode apoiar as ações do Instituto SOS Pantanal com doações em dinheiro via pix para [email protected] ou acessando o site www.sospantanal.org.br para explorar outras formas de apoio.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 15 – Vida Terrestre

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