O depoimento do apresentador do programa Brasil Urgente Goiás, da TV Goiânia, Joel Datena, poderá provocar a reabertura do inquérito sobre a morte do radialista Valério Luiz de Oliveira, ocorrido em 5 de julho de 2012. O inquérito produzido pela Polícia Civil acusa o cabo da Polícia Militar, Ademar Figueiredo, como o executor. Mas em depoimento à Justiça e ao Ministério Público, Datena garantiu com convicção que Figueiredo não poderia estar no local do crime no momento que ele aconteceu, pois Figueiredo estava no andar térreo de sua casa na tarde de 5 de julho.

Matéria publicada no Diário da Manhã desta quinta-feira (05) esmiúça o depoimento de Datena. Leia o texto na íntegra:

 

Nilson Gomes

Ademá Figueiredo, cabo da Polícia Militar, é personagem-chave em inquérito que resultou de sete meses de investigação feita pela Polícia Civil. A delegada que comandou a apuração, Adriana Ribeiro, afirmou que Figueiredo matou o radialista Valério Luiz de Oliveira, no início da tarde de 5 de julho de 2012, numa rua de Goiânia. A delegada colocou o militar em cima de uma moto preta e, de cima dela, dando seis tiros em Valério. O DM já mostrou o laudo feito pelo Instituto de Criminalística da Polícia Técnico-Científica. Os peritos desmentem a parte do inquérito quanto à posição do executor: quem matou Valério não estava de moto, mas em pé, ao lado do carro. A outra parte da afirmação da delegada ruiu após o apresentador Joel Datena, do programa Brasil Urgente Goiás, falar à Justiça e ao Ministério Público.

Se a polícia montou o assassino e a perícia o pôs de pé, a delegada pintou um cenário com Figueiredo no local do crime. E um astro da TV o tirou de cena ao “afirmar com convicção” que o militar estava em sua casa no momento do crime (leia no quadro). Em um longo e seguro depoimento, Datena esmiuçou sobre sua rotina, que incluía a necessidade de andar com segurança. Por isso, contratou o cabo Figueiredo e o sargento Djalma da Silva, que se revezavam nos cuidados ao filho de José Luiz Datena, o astro da TV Bandeirantes, de São Paulo. Datena foi minucioso. Explicou os cuidados com a integridade sua e da família porque o pai já recebeu ameaças do crime organizado. A mesma riqueza de detalhes surgiu ao relatar onde estava Figueiredo no momento em que Valério foi morto.

Ao se ler o depoimento, cujo principal trecho é publicado nesta página, é possível notar que Datena não entrou em contradição, mesmo pressionado pelos representantes do Ministério Público, o que é normal no processo. Os promotores de Justiça acreditaram na versão inicial da polícia, mas a perícia e os depoimentos estão demolindo o inquérito. Nada do que está escrito vem sendo confirmado. Foi creditada a Datena uma descrição do dia do crime, que teria sido feita em seu segundo depoimento à polícia. O apresentador esclareceu: na primeira vez em que falou à delegada, disse que Figueiredo estava em sua casa no momento em que Valério foi assassinado; depois, em nova inquirição, lhe pediram que descrevesse a sua rotina, não necessariamente a daquela tarde trágica. Diante do juiz e dos promotores, Datena confirmou a presença de Figueiredo no andar térreo de sua casa.

 

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Sem o cabo, inquérito deve ser reaberto

A participação do cabo Ademá Figueiredo é fundamental para a parte da polícia que fez o inquérito da morte do radialista Valério Luiz. Sem ele, quem escreveu a acusação vai ter de concordar que é necessário reabrir as investigações, porque nada fica de pé – até porque a delegada que chefiou a apuração garante que o matador estava montado em uma moto. Sem Figueiredo e sem a moto, desaparecem o motorista Urbano Malta, o açougueiro Marcus Vinícius Xavier e o sargento Djalma da Silva, todos acusados pela polícia. Excluído esse grupo, não tem como a polícia atingir seu objetivo de prender o empresário Maurício Sampaio. Segundo o inquérito, o empresário mandou o cabo matar o radialista e quem emprestou a moto foi o açougueiro, achado pelo sargento e o motorista.

A perícia oficial da Polícia Técnico-Científica mostrou que a delegada falhou ao informar que o executor estava de moto. Não. O matador estava a pé. Se o assassino estava a pé, são inúteis as demais peças do quebra-cabeças. É a falha mais grave, mas há outras. A polícia incluiu como principal testemunha de acusação J., uma assistente comercial que trabalhava com Valério na Rádio 820. Para a imprensa, a polícia garantiu que J. havia visto o matador em cima da moto dando os tiros e que ele era a cara de Marquinhos, que havia confessado ser o executor. Depois de Marquinhos desmentir a confissão, a polícia foi à rádio e mostrou foto de Figueiredo, que é tão parecido com o açougueiro quanto Brad Pitt é a cara do Tiririca. Na Justiça, J. acabou com o inquérito: disse ao juiz e aos promotores que não viu o momento do crime, não viu ninguém atirando, não viu a cor da moto e não sabe se o assassino estava de carro, moto, a pé, de navio ou nave espacial. Ela apenas cruzou com um motoqueiro que estava na contramão e, quando já estava no estacionamento da emissora, ouviu os tiros.

O advogado Neilton Cruvinel, que atua na área civil para Maurício Sampaio, acha que a delegada precisava elaborar uma cena para justificar a tese de que o crime foi cometido por policiais e, assim, atingir seu cliente. Usar a moto em homicídio seria o mais comum. Cruvinel sabe o inquérito quase inteiro de memória e, nas entrevistas ao DM, rebateu cada item. Ele acha que a Justiça e o Ministério Público “devem estar decepcionados com o inquérito, pois tudo o que a polícia afirmou não se sustenta”. Leia, no quadro, parte do depoimento de Joel Datena à Justiça e ao Ministério Público.

 

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“Afirmo com convicção que não foi Figueiredo”

Juiz – O senhor conhece Ademá Figueiredo Aguiar Filho?

Joel Datena – Conheço há oito anos.

 

Juiz – Tem algum relacionamento?

Datena – Ele trabalhou como segurança dos meus filhos e da minha família durante esse período.

 

Juiz – Conhece Djalma Gomes da Silva?

Datena – Sim. Da mesma forma.

 

Juiz – Ele também fazia esse tipo de trabalho para o senhor?

Datena – Era segurança dos meus filhos e da minha família, um dia cada um.

 

Juiz – Conhece Urbano de Carvalho Malta?

Datena – Conheço. O vi uma ou duas vezes junto com o senhor Maurício Sampaio no escritório dele.

 

Juiz – Conhece o senhor Maurício Borges Sampaio?

Datena – Sim, há nove ou 12 meses.

 

Juiz – Tem algum problema com ele?

Datena – Não, de forma alguma.

 

Juiz – Conhece Marcus Vinícius Pereira Xavier?

Datena – Não.

 

Juiz – O senhor conheceu Valério Luiz de Oliveira?

Datena – Só pela televisão. Nunca tive contato pessoalmente.

 

Juiz – Estamos aqui com um processo por um crime de homicídio em que a vítima trata-se exatamente de Valério Luiz de Oliveira. O acusado de ser autor do homicídio é Ademar Figueiredo Aguiar Filho. Os demais, Djalma Gomes da Silva, Urbano de Carvalho Malta e Marcus Vinícius Pereira Xavier são acusados de colaborar, intermediar de alguma forma para a prática desse crime. O Maurício Borges Sampaio seria o interessado, inclusive o mandante, conforme os termos da acusação. O senhor aqui está para prestar depoimento como testemunha. Evidentemente que o senhor não está aqui para acusar ou defender alguém, mas para prestar as informações que o senhor porventura tenha que possa levar à elucidação de tudo isso. E, claro, sob o compromisso de dizer a verdade, sob pena de o senhor cometer um crime de falso testemunho. O senhor promete?

Datena – Prometo, com certeza.

 

Juiz – Vou passar a palavra para o promotor de Justiça que é quem primeiro tem o direito de perguntar.

Promotor – Senhor Joel, sou o promotor de Justiça, o senhor disse há pouco conhecer o Figueiredo, Da Silva, Urbano, Maurício Sampaio. Figueiredo e Da Silva, o senhor os conhece como e por quê?

Datena – Minha família é uma família ameaçada, há muitos anos, devido ao trabalho que meu pai (José Luiz Datena, da TV Bandeirantes) desempenha dentro da imprensa nacional. Ameaças graves de grupos ligados ao tráfico de drogas e uma série de outras relações. Isso não é boato, é um trabalho de interceptação da Polícia Federal, serviços de inteligência. Devido a esses problemas a minha família resolveu ter uma equipe de segurança para a preservação da integridade física de nossos entes como meus filhos, meus irmãos, meu pai, minha mãe, família de um modo geral. Quando começaram a acontecer as primeiras ameaças, há oito ou nove anos, nós tomamos por bem contratar alguns seguranças. Da Silva e Figueiredo foram contratados para isso, cada um fazia a segurança durante um dia, de minha e dos meus filhos, aqui em Goiás.

 

Promotor – O seu pai trabalha em TV em São Paulo?

Datena – Sim, senhor.

 

Promotor – O senhor trabalha em Goiânia?

Datena – Sim, senhor.

 

Promotor – Qual é o programa de Goiânia que o senhor faz?

Datena – Faço dois programas: Brasil Urgente Goiás, da TV Bandeirantes, e Coração de Pescador, programa de pesca esportiva.

 

Promotor – O senhor poderia relatar sua rotina?

Datena – Sim. Minha rotina, eu acordo entre 7h e 7h15 diariamente, tomo café como qualquer pessoa normal, saio de casa 7h40 ou 7h45. Trinta minutos eu acho que é o tempo suficiente para eu me arrumar. Vou para o Setor Central.

 

Promotor – Acompanhado de segurança?

Datena – Sim, até então sim. Até a prisão do Figueiredo. Vou até o setor Central. Lá no meu escritório eu fico até 11h30, nesse período eu saio diariamente e vou até à academia. Chego na academia 11h40, 11h45, e fico por lá em torno de uma hora ou um pouco mais. Saindo da academia, o segurança já estava me esperando na porta com os meus filhos dentro do carro, passávamos e deixávamos as crianças no colégio e seguíamos para a minha residência. Chegando em casa 12h50, 13h, em torno disso. A gente almoçava, depois eu subia até o andar superior da minha residência, tomava banho, assistia televisão até 14h30, que é o horário que eu tenho que sair da minha casa para chegar na televisão. Eu tenho que estar na televisão no máximo 14h45, 14h50.

 

Promotor – A sua rotina até aí me satisfaz. Depois, se a defesa achar interessante, ela complementa. No dia em que o Valério foi assassinado, quem era o segurança do senhor?

Datena – Figueiredo.

 

Promotor – Que horas vocês chegaram em sua casa?

Datena – Provavelmente no horário de sempre, 12h40, 12h45, como faço diariamente.

 

Promotor – Depois que vocês chegam em casa, o que faz o Figueiredo?

Datena – Almoça.

 

Promotor – Sim.

Datena – Mais coisas? Ele almoça nesse horário, o almoço deve durar em torno de 20 ou 25 minutos. Depois do almoço ele senta em uma sala e fica assistindo televisão até a minha saída.

 

Promotor – O senhor fica no sofá com ele?

Datena – Não, fico ali cinco ou dez minutos e subo.

 

Promotor – Você sobe para…

Datena – … O andar superior da minha casa.

 

Promotor – Sua casa é um sobrado com dois pisos?

Datena – Sim, senhor.

 

Promotor – De onde o senhor fica, o senhor tem controle dos movimentos dele, se ele sai ou se ele fica em casa?

Datena – Controle total, não. Por alguns minutos, não. Nesse período não tem como ter o controle total, mas nesse dia (do assassinato de Valério) houve alguns fatos importantes que servem para ajudar em algum tipo de caminho a ser tomado aqui.

 

Promotor – O senhor pode relatá-los.

Datena – Eu estava assistindo um programa de televisão, como faço diariamente, após o meu banho, para me inteirar dos fatos que estão acontecendo na tarde para então repercutir no meu programa, às 17h, no final do dia. O programa da Record, o Balanço Geral, a TV Bandeirantes e outros canais. Neste momento, eu me lembro muito bem apesar do tempo, entrou no programa esse assassinato no Setor Bueno ou Serrinha, não me lembro qual. Um crime feito à luz do dia, ao vivo, o programa estava mostrando ao vivo. Posteriormente, isso me chamou muito a atenção pelo seguinte: a gente sabe que o weblink, para quem trabalha com televisão no País sabe, é uma câmera movida por uma moto, ela chega no máximo, aqui em Goiânia, em 10 minutos, em qualquer fato que acontecer. Falando em setores privilegiados, em Bueno, Central e Serrinha esse tempo pode ser até menor. Eu sei porque eu trabalho com isso. No momento em que apareceu esse crime que estava sendo gerado pelo weblink, eu imediatamente percebi que se tratava de um crime, uma barbaridade que iria com certeza ter uma repercussão muito grande. Tive que me preparar imediatamente para já ir à televisão e começar a formular o programa. Como não foi diferente, fiz isso. O que eu quero dizer, no momento em que eu vi o crime na televisão, eu já acionei o Figueiredo de imediato. Eu disse “Figueiredo, prepara para a gente sair”. Comecei a colocar a roupa, em cinco minutos eu já estava embaixo (o andar inferior da casa) e nós saímos. No momento em que eu fiz a menção “Figueiredo, prepara para a gente sair”, ele estava lá embaixo. É um período de tempo muito curto, isso pensando com mais tranquilidade, depois isso foi ficando mais claro na minha cabeça. Passado isso eu fui para a televisão e segui minha rotina normal do dia. Como não foi diferente, desenvolvemos um programa voltado todo para o caso. Posteriormente, quando se ventilou o nome do Figueiredo como uma possível pessoa envolvida no caso, eu já fiquei com pé atrás, pensando por que deveria ter esse envolvimento sendo que ele estava dentro da minha residência. Comecei a pensar, fiz algumas perguntas, perguntei para a pessoa que trabalha na minha casa que fica na parte de baixo, perguntei para porteiro de prédio, ninguém tinha visto ele sair nesse período. Mesmo sendo um espaço de tempo muito curto, ninguém tinha visto ele sair. Quando se ventilou o nome dele, ele foi o primeiro a querer retirar as imagens do condomínio, pegar as imagens para entregar à polícia, sendo que ele havia sido intimado, eu tive essa convicção de que não seria ele. Depois desses sete meses, eu fui convocado para um novo depoimento devido a uma mudança do que aconteceu nas investigações. Nesse novo depoimento, eu fui, a gente tomou consciência dos fatos, como todo mundo, através da imprensa, em torno de 12h30, pelos jornais ao vivo e locais. Às 18h30 no mesmo dia eu estava prestando o segundo depoimento, dentro daquele calor, ou seja, a gente estava com os ânimos exaltados pensando que uma pessoa que cuida dos meus filhos, ajudou na criação das minhas três crianças, poderia estar envolvido com um crime dessa natureza. A gente estava nervoso e no mesmo dia eu prestei o segundo depoimento falando da minha rotina como acabei de falar para o senhor, não me lembrando de alguns fatos como lembrei no início do primeiro depoimento que prestei, que estava fresco na minha cabeça. Isso tinha 30 ou 60 (dias) depois, logicamente, a gente vai esquecendo os fatos. Depois, pensando com mais tranquilidade, mais serenidade, mais discernimento dos fatos eu pude chegar a essa conclusão.

 

Promotor – O senhor está dizendo que foi ouvido na delegacia no mesmo dia do fato?

Datena – No mesmo dia em que se ventilou a possibilidade de o Figueiredo estar envolvido no crime.

 

Promotor – Então não foi no dia do fato?

Datena – Não, no dia do fato em que ele foi envolvido.

 

Promotor – O senhor pode afirmar com toda convicção que o Figueiredo naquele dia não deixou a sua casa no espaço entre a sua chegada e a saída para a televisão?

Datena – Eu posso. Porque eu vou voltar a dizer para o senhor que no momento em que apareceu na televisão, como eu disse, esse período de weblink é de no máximo 10 minutos, com certeza esse crime tinha acontecido no máximo havia 10 minutos. Então, se eu acionei ele para a gente sair em 10 minutos, para mim é cronologicamente impossível ele ter saído da minha residência.

 

Promotor – O senhor conclui que ele não saiu por dedução ou o senhor conclui que ele não saiu porque você estava com ele o tempo todo?

Datena – Eu concluo, não por dedução, por impossibilidade cronológica, na minha opinião. É cronologicamente impossível, na minha opinião.

 

Promotor – É dedução, porque o senhor não estava com ele o tempo todo.

Juiz – O Figueiredo saiu da sua casa nesse dia?

Datena – Não.

 

Promotor – Hoje o senhor, para sustentar que o Figueiredo não deixou a sua casa nesse período, desenvolveu uma série de raciocínios. Hoje, 27 de maio. Mas o senhor foi ouvido em fevereiro, uma época mais próxima do fato. Naquela ocasião o senhor disse o seguinte “não tem como afirmar…”

Juiz – Ele (o promotor) está comparando o depoimento daquela época com o de hoje.

Promotor – A sua afirmação é a seguinte, “eu disse que estando na parte superior do sobrado”, o senhor não tem como afirmar que o Figueiredo tenha deixado seu imóvel. Isso o senhor falou na delegacia de polícia. Hoje o senhor já está afirmando de forma categórica que ele não deixou o seu imóvel. O senhor quer esclarecer sua contradição?

Datena – Quero. Até acho pertinente. No meu primeiro depoimento, o senhor vai perceber que é exatamente o que eu estou falando agora, eu afirmei que ele não tinha saído da residência. Já no meu segundo depoimento, o que aconteceu? O ânimo exaltado de ser comunicado às 12h30 que uma pessoa que criou os meus filhos pudesse estar envolvida em um crime bárbaro como esse me chocou como chocou muitas pessoas. (Às) 12h30 eu fui informado disso e convocado a ir à delegacia, como fui às 18h30, quer dizer, tudo muito rápido, com o nervo à flor da pele, não raciocinando muito bem. Eu tomei por bem falar a minha rotina como falei no início para o senhor. Minha rotina é 7h15, 11h30, 12h. Posteriormente a isso, pensando com mais tranquilidade, conversando com as pessoas que eu acho que são importantes para ajudar na elucidação desse caso, como a pessoa que trabalha na minha casa, o porteiro, pensando nessa questão de raciocínio lógico em aparição do caso na televisão, que eu acho que é uma coisa que o senhor poderia até pensar nisso antes de qualquer outra afirmação, levando tudo isso em consideração eu posso afirmar…

 

Promotor – Você está me criticando?

Datena – Não, senhor, de forma alguma. Jamais. Com todo respeito que lhe é necessário. Pensar que poderia ser até um fato a ajudar todos nós a chegarmos a uma elucidação, da forma mais humilde possível.

 

Promotor – O senhor disse que, quando fez o segundo depoimento na delegacia, quando o senhor afirmou que não poderia dizer com certeza que o Figueiredo não saiu da sua casa, o senhor disse que estava com os ânimos exaltados porque tomou conhecimento dessa notícia de que o Figueiredo podia ser um dos autores desse fato. Mas, quando o senhor foi ouvido em setembro do ano anterior, o senhor já tinha essa informação. Por que o senhor ficou exaltado cinco ou seis meses depois?

Datena – Porque estava muito próximo ao fato. Eram apenas 60 dias, eu fui convocado com dois dias de antecedência, não tive a mesma exaltação de ânimo como teria a uma convocação e prestar o depoimento no mesmo dia. E também por estar próximo ao fato, 60 dias, a gente ainda tem os fatos na cabeça, a gente consegue lembrar algumas possibilidades marcantes.