Eficácica do fitoterápico chega a 75%, segundo avaliação da UFG. Municípios goianos se abastecem na AGROTEC. Produtores da Agricultura Familiar, pesquisadores, professores, técnicos e acadêmicos de Farmácia da UFG (Universidade Federal de Goiás) compõem a gama de parceiros que há mais de uma década fazem da Agrotec/GO (Centro de Tecnologia Agroecologia de Pequenos Agricultores), entidade sem fins lucrativos, se consolidar com a produção de medicamentos fitoterápicos que desde março de 2008 abastece pelo projeto piloto seis prefeituras na região oeste de Goiás, Aragarças, Arenópolis, Diorama, Jussara, Piranhas e Montes Claros de Goiás.


Produtores da Agricultura Familiar, pesquisadores, professores, técnicos e acadêmicos de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG) compõem a gama de parceiros que há mais de uma década fazem da Centro de Tecnologia Agroecologia de Pequenos Agricultores (Agrotec/GO), entidade sem fins lucrativos, se consolidar com a produção de medicamentos fitoterápicos que desde março de 2008 abastece pelo projeto piloto seis prefeituras na região oeste de Goiás, Aragarças, Arenópolis, Diorama, Jussara, Piranhas e Montes Claros de Goiás. Gestores, secretários de saúde, médicos, representantes dos ministérios do Meio Ambiente, Saúde, e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, se reuniram ontem (19/06) em Diorama para avaliação do uso do fitoterápico monitorado durante os últimos 15 meses.

A Agrotec, estabelecida na zona rural de Diorama (254 km de Goiânia), e que em dezembro de 2007 recebeu R$ 686 mil do Ministério do Meio Ambiente (Secretaria de Biodiversidade e Floresta), a título de fomento para o estímulo do uso de plantas medicinais, passou a distribuir pelo SUS (Sistema Único de Saúde) à farmácias básicas e PSFs dos municípios conveniados. O projeto já é modelo e atrai a atenção de pesquisadores de todas as partes do Brasil pelo bom resultado que os fitoterápicos apresentam nos pacientes que usam o tratamento alternativo, ministrado pelos médicos da Saúde da Família. Prefeitos, secretários municipais de saúde, médicos, dirigentes da Agrotec e parceiros, a exemplo dos acadêmicos do curso de Farmácia da UFG, afirmam positivamente sobre a eficácia dos fitoterápicos, além de destacarem o baixo custo em relação aos remédios tradicionais e por não apresentarem efeitos colaterais considerados. O prefeito de Ivolândia, e presidente da AMMA (Associação dos Municípios do Médio Araguaia) Robson Mendes acredita que deve haver um fortalecimento político com maior número de prefeitos envolvidos com o projeto dos fitoterápicos as chances de atrair o governo do Estado são maiores. “Essa é a forma de viabilizar economicamente a Agrotec. Mas precisamos de número para despertar o interesse”, disse.  

Segundo a diretora executiva da Agrotec, Solange de Castro, a ação coordenada entre o governo federal, municípios da região oeste de Goiás tornou realidade a implementação do projeto dos fitoterápicos instalado em Diorama há mais de dez anos. “A consolidação da viabilidade das plantas medicinais e dos fitoterápicos como mais uma opção terapêutica no SUS, destacadamente na demanda de atenções básicas e saúde da família, assegura à população ganhos efetivos na saúde publica, economia, meio ambiente, além do resgate e profissionalização dos conhecimentos técnicos e tradicionais regionais que a Agrotec agrega valor com a tecnologia de ponta brasileira/alemã nos medicamentos por ela produzidos”. O prefeito de Arenópolis, Antônio Paião, entusiasmado com o projeto, recomendou aos colegas prefeitos que façam o convênio. “O fitoterápico é coisa boa e eu recomendo pra todos os prefeitos que ainda não fez o convênio, que faça por que o custo benefício é grande para o município”, destacou. O secretário de Saúde Adair Fonseca ressaltou a grande aceitação do fitoterápico pela população.   

No município de Diorama, sede da Agrotec, os resultados do projeto são evidentes: sucesso terapêutico de 36 composições desenvolvidas no laboratório para resolver os problemas de 22 doenças de saúde básica; preços competitivos frente aos medicamentos alopáticos (10 % a 15% mais baratos que os genéricos); economia municipal de 30% nos gastos com a área da saúde, através da prescrição dos medicamentos pela equipe do Programa de Saúde da Família de Diorama; redução de mais de 80% dos casos de internação hospitalar; e estabelecimento da confiança dos profissionais da saúde e da população local no uso dos fitoterápicos. “Aqui o povo pede aos médicos que receite o fitoterápico”, salientou o secretário de Saúde, Clésio Garcia. Nos demais municípios, os resultados não são muito diferentes e agrada prefeitos e secretários de saúde que reclamaram para a representante do MS sobre a contrapartida do município. “O projeto é bom, queremos ampliar, mas a contrapartida para o município é alta e precisa baixar”, disse o prefeito de Piranhas, Samuel Rodrigues.   

A acadêmica do curso de Farmácia (UFG), Polliana C. Garcia, parceira do projeto dos fitoterápicos, que explicou sobre o trabalho de Farmacovigilância que visa avaliar e assegurar o uso dos medicamentos e apresentou demonstrativo sobre o uso dos fitoterápicos nos seis municípios, destacando os cinco mais prescritos pelos médicos da Saúde da Família. Sendo avaliados 980 casos no geral. Em 103 diagnósticos, 70% do atendimento, pelas informações, a maior procura foi por pessoas acometidas de infecção das vias aéreas superiores. A margem de sucesso do uso do fitoterápico é de mais de 75% e as reações adversas ficaram pouco acima de 1%. “Desde 1996 que apoiamos a Agrotec pelo Programa Nacional do Fitoterápico orientando para o manejo e ampliação sustentável da biodiversidade do Cerrado”, disse Alberto Jorge, do Ministério do Meio Ambiente. A preocupação de alguns gestores é para que o programa não seja interrompido. “Em Jussara a maior propaganda é feita pelos usuários, e não queremos que o programa por alguma razão se interrompa”, disse o secretário de Saúde, Antônio Gilberto.

O diretor técnico da Agrotec, Paulo Bezerra marcou reunião para o dia 6 de julho (9h00 na Câmara de Vereadores de Diorama) quando será apresentado um projeto completo de capacitação de equipe de saúde do segmento fitoterápico para a região. Foi pedido aos prefeitos que já são conveniados ao projeto que leve mais um prefeito como convidado. Espera-se portanto a presença de pelo menos 12 gestores nesta reunião. A Agrotec, diante dos números positivos durante esses 15 meses com seis prefeituras, quer expandir a produção e distribuição dos medicamentos, e a rede pública é um canal importante, pois além do interesse do governo federal no projeto, é um programa de política pública a distribuição do fitoterápico pelo SUS, porque oferece qualidade de vida, com a redução de custos, incentiva o programa Agricultura Familiar amplia a pesquisa na área. A representante do Ministério da Saúde informou que 50% dos estados brasileiros se mostraram interessados nos fitoterápicos e que o MS oferece alguns tipos de saúde alternativa com segurança do produto trabalhado desde a cadeia produtiva, como é o caso da Agrotec. “Temos algumas dificuldades com relação a lei dos fitoterápicos que é muito antiga e precisamos adequar algumas coisas e adaptar outras”, disse.

A área piloto de instalação da Agrotec é de 125 hectares na qual se realiza uma experiência inédita de aproveitamento dos recursos da biodiversidade do Cerrado e tudo com o máximo de conservação do ambiente natural. As atividades envolvem 21 famílias e utilizam menos de 25% de toda a área. – A Agrotec aposta na diversificação dos produtos ofertados ao mercado. Desenvolve trabalhos na linha de coleta, cultivo e desidratação solar de frutas, plantas medicinais, chás e condimentos; criação, processamento e comercialização de animais silvestres, como queixada, cateto, ema, capivara e tartaruga; extração de óleos de espécies do cerrado, como baru e pequi; produção de artesanato a partir de sementes, folhas e flores secas. Além disso, está investindo no ecoturismo como fonte de renda e de educação ambiental – www.centraldocerrado.org.br

Pela sua capacidade de inovar, o projeto já recebeu três apoios do Programa Pequenos Projetos Ecossociais (PPP-Ecos) e as experiências que desenvolve têm sido aproveitadas em outras comunidades, associações e cooperativas de pequenos produtores. Produtos: plantas medicinais desidratadas, chás, óleo essenciais, óleo vegetal, carnes silvestres (capivara, cateto, queixada e tartarugas da Amazônia), frutas desidratadas e cristalizadas (caju do campo, mama-cadela), farinhas de pequi e jatobá, amêndoa de baru tostadas e barras de cereais de baru.

(Com informações de Marcos Dantas Araújo – AMMA)