Três anos. Esse foi o tempo necessário para que o goiano Alexandre Baldy, um dos principais representantes de Anápolis no cenário nacional, ascendesse de empresário a Ministro das Cidades do Brasil. Mas, apesar de curta, a trajetória política de Baldy é marcada por declarações polêmicas e votações importantes.
Atualmente com 37 anos e sem partido, Alexandre foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal em 2014, pelo PSDB, com 107.544 votos. Depois ele se transferiu para o Podemos (antigo PTN), sigla da qual foi afastado em agosto de 2017 após contrariar a decisão do partido e votar a favor do arquivamento da denúncia contra o Presidente Michel Temer (PMDB), na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ). A desfiliação do partido foi oficializada recentemente, na segunda-feira (20).
Ciente de sua baixa popularidade (apenas 3% de aprovação segundo pesquisa do Ibope), Temer está priorizando o grupo formado por partidos como PP, PR e PRB, legendas abertamente favoráveis a aprovação da reforma da previdência. O PP inclusive foi um dos primeiros partidos a avalizar a indicação do goiano para o Ministério das Cidades, que é uma das Pastas mais cobiçadas em Brasília. Por esse motivo, a possibilidade de que Baldy se filie ao PP em breve é real.
Em suas entrevistas o novo ministro sempre deixou claro seu posicionamento enquanto representante da classe empresarial. Ele também nunca escondeu que é favorável às reformas propostas pelo governo. Após votar a favor da aprovação da reforma trabalhista, em abril deste ano, Baldy disse à Rádio 730 que não temia por seu futuro político.
Impeachment de Dilma Rousseff
03 de agosto de 2017. Nesta data a primeira denúncia contra Michel Temer pelo crime de corrupção foi rejeitada na Câmara. Na ocasião, 263 deputados votaram com o relatório do deputado Paulo Abi-ackel (PSDB-MG), ou seja, a favor do arquivamento da denúncia; outros 227 votaram “não”, ou seja, pelo prosseguimento da denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Alexandre Baldy manteve o apoio ao presidente e foi um dos 12 goianos que votaram “sim” ao relatório. Naquele contexto os políticos avaliavam o impacto das gravações divulgadas pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS. Nos áudios, Temer pede dinheiro a Joesley para supostamente comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha.
Um ano antes de usar a tribuna para dizer “sim” ao relatório de Abi-ackel, Baldy disse outro “sim” em uma das votações mais importantes para a história política do país: o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Nas duas denúncias contra Temer, o deputado votou para arquivar as investigações de corrupção, obstrução à Justiça e organização criminosa contra o peemedebista. Também votou a favor do teto de gastos e da reforma trabalhista.
Articulações
Considerado bem articulado e com bom trânsito em vários partidos, Alexandre Baldy é um dos parlamentares mais próximos do presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM).
Ele também possui como aliado o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), cotado para assumir a presidência nacional peessedebista. O governador goiano integra a ala do PSDB que apoia o presidente. Marconi inclusive foi o primeiro a dar espaço para o novo ministro, oferecendo a ele o cargo de secretário de Indústria e Comércio de Goiás entre os anos de 2011 e 2013.
Carlinhos Cachoeira
No período em que foi secretário de Indústria e Comércio do governo Marconi, Alexandre Baldy enfrentou forte turbulência política. Em 2012 ele foi alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a influência do contraventor Carlinhos Cachoeira na exploração de máquinas caça-níquel em Goiás.
Na época, o relator da CPI, Odair Cunha (PT), atestou a ligação entre Baldy e Cachoeira. A CPI trabalhou em meio ao escândalo que culminou com a cassação do ex-senador Demóstenes Torres, hoje filiado ao PTB.
Contudo, a CPI não conseguiu provar o pagamento de propina por parte de Cachoeira a Baldy. Por fim, o relatório final da Comissão não foi aprovado e nenhuma recomendação foi enviada às autoridades.
Projetos
Na Câmara dos Deputados, Alexandre Baldy tem alguns projetos de sua autoria que ganharam destaque, como o Projeto de Lei 7671/2017 que garante que os agricultores goianos também tenham o direito de abatimento de até 85% de suas dívidas contraídas de crédito rural com o Banco do Brasil, adquiridos pelo FCO, benefício hoje concedido em lei somente para os estados do Norte e Nordeste.
Outro projeto limita a concessão de empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por países estrangeiros. Alexandre Baldy também conseguiu com que uma de suas propostas fosse aprovada em Plenário. O projeto de Lei 2296/15 que limita o uso que o governo federal faz do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e redistribui os lucros do fundo aos trabalhadores, passou pela aprovação da maioria dos 513 deputados. O texto, que aguarda parecer no Senado, determina que governo só poderá usar até 30% do lucro líquido para financiar obras de moradia popular e saneamento básico e deverá redistribuir aos trabalhadores o restante da parcela que ultrapassar 10% ou 15% dos ativos. “O objetivo do FGTS é beneficiar o trabalhador, portanto nada mais justo que esse dinheiro ser revertido a ele”, disse Baldy.
Vida Pessoal
Alexandre Baldy é filho de Joel Sant’Anna Braga, procurador do Estado aposentado e fundador de alguns dos trabalhos sociais mais consistentes para a juventude. Casado há 16 anos com Luana Limírio, com quem tem dois filhos, Baldy é genro de um dos donos da Hypermarcas, Marcelo Limírio. Em 2014, o patrimônio declarado pelo novo ministro das Cidades era de R$ 4,2 milhões, entre imóveis, aplicações e carro de luxo.