A cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio 2016 surpreendeu até os expectadores mais otimistas. O evento foi realizado na noite desta sexta-feira, a partir das 20h, no Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, no Rio de Janeiro.
O evento contou com a representação de diversos elementos da cultura brasileira, especificamente da carioca, como o samba de Ary Barroso, o funk com Ludmilla, a bossa nova de Tom Jobim e a Garota de Ipanema, de Vinícius de Moraes. Além disso, o rap de Carol Conká e Mc Soffia foi representado e Zeca Pagodinho e Marcelo D2 fizeram um dueto de “Deixe a vida me levar”.
O início
A cerimônia teve início com um vídeo que homenageou a cidade do Rio de Janeiro. Filmagens feitas em pontos turísticos e históricos da cidade retrataram, cada um, um esporte diferente praticado nos jogos olímpicos. Uma contagem regressiva foi iniciada, com o corpo de baile e o público que lotou o Maracanã.
Hino nacional
Um dos momentos mais marcantes da abertura foi a interpretação do Hino Nacional Brasileiro por Paulinho da Viola. O cantor interpretou o hino auxiliado por um violão, violinos e violoncelos e emocionou todos os presentes no Maracanã. A bandeira do Brasil foi hasteada pelo comando da Polícia Ambiental do Rio de Janeiro. Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, fez o anúncio do cântico do hino.
Vale lembrar que, nessa hora, houve quebra de protocolo por parte do presidente interino Michel Temer. De praxe, o presidente da república do país sede dos jogos olímpicos também é anunciado para o cântico do hino nacional, porém, Michel, temendo as vaias de todo o público, não teve seu nome anunciado pelos cerimonialistas.
Da vida ao Brasil
A cerimônia seguiu com a encenação do início da vida no planeta, com tempestades marinhas e o surgimento das primeiras criaturas, representadas por criaturas do mar. Logo após, a início do Brasil. Dançarinos do Festival de Parintins (festa tradicional amazônica) entraram no gramado encenando os primeiros aborígenes brasileiros, representando a vida dos indígenas antes dos portugueses chegarem ao território brasileiro.
Em seguida, chegaram os portugueses, representados por dançarinos encenando em barcos ao mar, simulando as grandes navegações que trouxeram os europeus para o país. Um dos momentos mais marcantes foi a representação da chegada dos negros africanos e da escravidão que reinou no Brasil por mais de 300 anos. Bailarinos entraram dançando em moinhos simulando os engenhos de cana-de-açúcar, além de barras de tração animal sendo carregadas por humanos e uma espécie de chumbo nos pés, simbolizando as torturas sofridas.
Depois dos africanos, a representação da maior colônia japonesa fora do Japão. Dançarinos entraram em cena representando a chegada dos japoneses ao Brasil, com sua cultura, vestimenta e comidas próprias. O momento seguinte foi o de retratar o surgimento das grandes cidades, ao som de Construção, de Chico Buarque.
Pai da aviação
A cerimônia contou com uma bela homenagem a Santos Dumont, considerado do pai da aviação. Para isso, os diretores de arte responsáveis pela abertura simularam um voo do 14 Bis por toda a extensão do Maracanã. O avião, com um ator encenando Dumont dentro, estava suspenso por cabo de aço e alçou voo para fora do estádio. Na continuação o telão, em 3D, a viagem do avião mostrava as mais belas paisagens cariocas, ao som de bossa nova.
Garota de Ipanema
Um dos pontos altos da cerimônia de abertura, com certeza, foi o desfile da modelo Gisele Bündchen pelo gramado do estádio. Ela representou a garota de Ipanema, da música de Vinícius de Moraes, enquanto a canção era interpretada e várias imagens apareciam no telão.
Shows
Os shows com os artistas brasileiros começaram em grande estilo. O primeiro ritmo que embalou o público presente foi o funk, cantando por Ludmilla e com coreografias típicas do estilo musical. Depois Elza Soares, Zeca Pagodinho, Marcelo D2, Carol Conká, Mc Soffia, e Regina Casé tomaram conta do microfone.
Por último, e que fez explodir de vez a cerimônia, foi a vez de Jorge Ben Jor cantar País Tropical. A interpretação foi vibrante de tal forma que todos os presentes se deixaram levar pela canção e ficaram de pé nas arquibancadas do Maracanã. Após o término da música, a torcida continuou o refrão à capela.
Aquecimento global
Uma mensagem inédita em abertura de olimpíadas foi passada no Maracanã. Entre os show e o desfile das delegações, um vídeo alertando para os problemas de aquecimento global e efeito estufa foi passado no telão do estádio.
Delegações
O desfile de delegações começou, como de costume, com a delegação da Grécia. Desde a primeira edição dos jogos olímpicos, os atletas gregos é que desfilam primeiro na cerimônia de abertura. Uma surpresa positiva entre as delegações nesta edição, pela primeira vez, havia uma delegação de refugiados, composta de atletas que tiveram que fugir de seus países e morar em outro canto do mundo, devido às guerras.
Os atletas brasileiros, por ser país sede, fecharam o desfile das delegações. Não poderia ter desfecho melhor: à frente da delegação estava Lea T, modelo filha do ex-jogador Toninho Cerezo e a primeira transexual a fazer parte da abertura de Olimpíada. Atrás dela estava Yane Marques, pernambucana do pentatlo moderno que foi escolhida para carregar a bandeira do Brasil no desfile. A música interpretada no momento da entrada foi Aquarela do Brasil, de Ary Barroso.
Alegria, entusiasmo, dança, choro e emoção não faltaram aos atletas brasileiros, que deram um verdadeiros show no gramado do Maracanã. Lembrando que, neste ano, a delegação brasileira foi a maior já mandada a uma olimpíada, cerca de 465 atletas.
Arcos olímpicos
Outro momento marcante da cerimônia foi a representação dos arcos olímpicos. Após o desfile das delegações, os bailarinos se organizaram no gramado e, nas caixas onde os atletas estavam depositando sementes de árvores pela conscientização ambiental, surgiu o símbolo olímpico dos anéis como verdadeiras florestas, cheias de árvores. Fogos de artifício enfeitaram o céu neste momento.
Vaias ao interino
Após os arcos, foi hora de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, e Thomas Bach, presidente do COI, fazerem seus discursos a respeito da edição das Olimpíadas e da cidade do Rio de Janeiro. Por protocolo e após isso, o presidente interino em exercício, Michel Temer, tomou a palavra para uma frase de dez segundos, declarando a abertura oficial dos jogos. Nesse tempo em que esteve com o microfone, os presentes no Maracanã deixaram sonoras vaias para o político.
Trio musical
Passadas todas as formalidades da cerimônia, foi a vez de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Anitta interpretarem, juntos, grandes clássicos da música carioca. Junto a eles, entraram as baterias e corpos de baile das escolas de samba do Rio de Janeiro. A abertura havia virado um verdadeiro carnaval na Sapucaí.
Chama olímpica
O momento mais esperado da cerimônia estava no final. Todos estavam ansiosos para saber quem iria acender a pira olímpica, já que Pelé desistiu de última hora. O primeiro a carregar a chama olímpica foi Gustavo Kurten, o Guga, grande nome e símbolo do tênis brasileiro no mundo. Guga se emocionou bastante na condução da tocha e passou a tarefa para Hosrtência, rainha do basquete. A atleta, também emocionada, conduziu a tocha até as mãos de Vanderlei Cordeiro de Lima.
Vanderlei foi o escolhido para substituir Pelé. Ele é ex-maratonista e foi medalhista de bronze nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, depois que liderava a competição e foi interceptado por um padre, que o tirou da pista e, mesmo assim, ele conseguiu pódio na categoria. Vanderlei subiu as escadas rumo a pira e a acendeu. Momento marcante e histórico.
Festa bonita
A cerimônia de abertura foi chegando ao fim após a pira olímpica ser acesa. No momento, efeitos especiais fizeram parecer que a chama havia virado sol e, paralelamente ao efeito, fogos de artifício explodiram céu do Maracanã a fora, formando uma imagem maravilhosa ao lado do Cristo Redentor todo iluminado de verde e amarelo. Estavam abertos os jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016.