A edição #276 do Debate Super Sábado trouxe um caso que repercutiu nas redes sociais. Há três semanas, um vídeo promocional com três produtoras de conteúdo, ligadas à pauta de uma vida sustentável, viralizou e causou polêmica ao incentivar a redução do consumo de carne e a adesão à campanha “Segunda sem carne” como forma de colaborar com a redução de emissões de carbono e combater o aquecimento global.

O vídeo foi retirado do ar pouco antes do Natal e, no dia 27 de dezembro, foi publicada uma carta aberta endereçada ao agronegócio como forma de acalmar os ânimos. A proposta não é nova: em março de 2021, uma marca de cerveja holandesa também publicou vídeos a favor de uma mudança de hábitos e incentivando a adesão ao movimento “Segunda sem Carne”. O mundo do agronegócio também reagiu e uma hashtag sugerindo um churrasco sem a marca da cerveja foi destaque nos trends.

Ouça o debate na íntegra:

Para discutir sobre como as marcas podem se mobilizar em ações sociais e comunicar de forma assertiva, a Sagres convidou o especialista em Direito Ambiental, Agrário e Administrativo Ailtamar Carlos da Silva, o professor de Marketing do IPOG Carlos Costa e a economista especialista em marketing e gestão empresarial Alesandra Campos.

Para Ailtamar Carlos, o motivo do movimento das marcas é para estarem ligadas ao meio ambiente. “Essas marcas querem alcançar alguns nichos de mercados e pautar uma agenda global que é muito importante nesse momento. Por isso, buscam construir uma agenda positiva que apoie a preservação ambiental. Esse é o foco” destacou Ailtamar.

Segundo a pesquisa de mercado Opinion Box, realizada em janeiro de 2021, jovens com 16 anos ou mais alegam que as marcas devem apoiar causas sociais como combate à fome e pobreza (58%), sustentabilidade (53%), luta contra a violência contra as mulheres (51%) e igualdade racial (49%). Sobre como as marcas se posicionam diante das causas sociais e como devem se comunicar, o professor de Marketing Carlos Costa explicou que não tem como fugir dos aspectos sociais e a internet pulveriza o que é bom e o que é ruim.

“Imagina eu como empresa, me posiciono com algumas ações sociais sendo que todo meu modelo de trabalho não condiz com isso. Então, eu não tenho nenhum tipo de pensamento hierárquico na diretoria alinhado com o que tenho a oferecer, quando falo de responsabilidade social pra fins de publicidade hoje, isso não é mais tolerável” pontuou Carlos.

Mudanças de hábitos voltados para as causas sociais, transparência e sustentabilidade dentro do núcleo executivo de uma empresa, segundo a especialista em economia Alesandra Campos, é uma forma de melhorar o planeta. Entretanto, a especialista alerta que agradar à todos não é fácil, mas que empresas, comunidade e governantes tem o dever de buscar por isso.

“Nas empresas é preciso definir esse papel, o propósito dessa empresa e compartilhar. Acho que faltam muitas ações e é necessário que as forças se unam em prol do desenvolvimento sustentável da agenda 2030 da ONU, para que possamos, dentro das empresas, trabalharmos de forma clara com esse propósito e dentro desse planejamento empresarial. Incluir as ações de responsabilidade social com o marketing e também se possível com a comunidade” concluiu Alesandra.

Assista ao debate dentro do Sagres Sinal Aberto – Edição de Sábado, à partir de 56:00

Ananda Leonel é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Uni Araguaia sob supervisão do jornalista Denys de Freitas.