O suicídio é um importante problema de saúde pública em todo o mundo. Afeta famílias, comunidades e países inteiros. Por isso, desde 2003, a Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) promovem no dia 10 de setembro o Dia Mundial para a Prevenção ao Suicídio.
Em ação no Brasil desde 2015, o Setembro Amarelo foi criado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). A cor amarela foi escolhida por representar a vida, a luz e o sol, simbolismo que reflete a proposta da campanha de preservar a vida.
Pra falar sobre este assunto, o Debate Super Sábado recebe o médico psiquiatra, Tiago Batista de Oliveira, a psicóloga Maris Eliana Dietz e os voluntários do CVV, Fernando Tolentino e Maria de Jesus. Esta edição tem a apresentação de Vinicius Tondolo.
(Foto: Jordanna Ágatha/Sagres On)
De acordo com dados da OMS, a cada ano, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta suicídio. Cada suicídio é uma tragédia que afeta famílias, comunidades e países inteiros e tem efeitos duradouros sobre as pessoas deixadas para trás. O suicídio ocorre durante todo o curso de vida e foi a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo no ano de 2016.
A OMS afirma que os grupos de maior risco são pessoas tomadas por depressão e alcoolismo, que passam por crises profundas diante de situações estressantes da vida (como desemprego, perdas financeiras e de entes queridos, término de relacionamento, abusos, além de doenças e dores crônicas). Da população em geral, os homens são os mais vulneráveis ao suicídio (9,2/100 mil). Entre as mulheres, a taxa é de 2,4/100 mil.
“Todo tipo de pessoa nos liga. Não tem um perfil específico, de criança a idoso. A gente tem ligações por estar com problema de relacionamento, por estar se sentindo abandonada e por estar desesperada. Já tivemos ligações até de pessoas que conseguem alguma conquista e não tem ninguém com quem conversar. Uma pessoa passou no concurso e ligou para gente porque não tinha com quem comemorar”, revelou Fernando Tolentino.
“Quando alguém morre dessa forma, quem tentou contra própria vida, é como que se automaticamente a gente pensasse: O que que aconteceu e muitas vezes segredos domésticos e familiares vêm à tona nesse momento. Muitas vezes naquele momento de dor já complicado a família se sente impotente e sem saber explicar e fica a procura de um tipo de prova, alguma coisa que levou e você não tem pista”, explica Maris Dietz.
“Quando a gente é voluntário no caso do CVV, que eu participo já algum tempo, é uma oportunidade inédita para mim que foi por conhecer a minha própria vida porque na verdade a gente às vezes na correria do dia-a-dia não nem se conhece, como que vai querer resolver problema dos outros. O trabalho voluntário é muito gratificante por essa razão de autoconhecimento, é uma oportunidade que leva a gente acreditar que pode ajudar o outro e logicamente ajudando a si próprio.”, celebra Maria de Jesus.
“Há autores que falam que a gente precisa tomar cuidado com os quatro D´s: Depressão, Desespero, Desamparo e Desesperança. A depressão porque ela é o transtorno mental mais frequentemente associado ao suicídio. O desamparo, não em ser uma pessoa sozinha, mas ela não ter uma rede social. Ela não tem pessoas que ela pode contar. O outro “D” é a desesperança que a falta de capacidade de se projetar no futuro, a pessoa ela não espera nada de bom do Futuro. O último é o desespero que costumo dizer que a pessoa que realmente tentou suicídio se matou como é que ela encontrou Coragem o que acontece é que o grau de desespero dela foi tão elevado que ela conseguiu superar o instinto de preservação”, explica Tiago.
Se você se interessou neste assunto e passa por alguma dificuldade e precisa conversar. Você pode utilizar o telefone do CVV (188) ou procurar a ajuda profissional de um pscicólogo ou de um psiquiátra.
Orientações da ONU
A Organização Mundial de Saúde (OMS) propõe algumas recomendações aos profissionais de comunicação ao tratar deste assunto que podem ser utilizadas por todos que hoje se comunicam por meio de redes sociais e aplicativos na internet:
• Evitar descrever o suicídio como inexplicável e esclarecer os sinais de alerta;
• Evitar glorificar ou romantizar o ato do suicídio e tentar apresentar uma história equilibrada sobre a pessoa;
• Evitar incluir o método, local ou detalhes da pessoa que faleceu e limitar as informações aos fatos que o público precisa saber;
• Evitar retratar o suicídio como uma resposta aceitável às adversidades da vida;
• Evitar títulos sensacionalistas;
• Evitar gráficos e fotografias prejudiciais;
• Evitar o uso de linguagem estigmatizante;
• Não compartilhar o conteúdo de cartas suicidas;
• Evitar citar a polícia ou as primeiras pessoas que presenciaram o ato;
• Apresentar recursos sempre que possível, como o telefone de linhas de ajuda.