A Psicóloga, Abnílsa Durães. o Médico psiquiatra, Tiago Batista, e a Gerente de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Goiânia, Helizett Santos de Lima Azevedo (Foto: Montagem/Sagres On)

A Campanha Janeiro Branco tem o objetivo de convidar as pessoas a pensarem em suas vidas, propósitos, relacionamentos, emoções, pensamentos, comportamentos e no quanto elas conhecem sobre si mesmas. A Campanha coloca a Saúde Mental em evidência no mundo, buscando sensibilizar as mídias, instituições sociais, públicas e privadas e os poderes constituídos para a importância de projetos estratégicos relacionados aos universos da Saúde Mental.

Para discutir e compreender o tema, o Debate Super Sábado recebeu o médico psiquiatra, Tiago Batista; a psicóloga, Abnílsa Durães e a gerente de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Goiânia, Helizett Santos de Lima Azevedo.

A Campanha Janeiro Branco surgiu com o psicólogo mineiro Leonardo Abrahão e ganhou visibilidade no ano passado. Ele idealizou a campanha em 2013 e, com a ajuda de outros psicólogos de Uberlândia, começou o projeto de conscientização que agora ganha força através das redes sociais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas, com 9,3% da população atingida. Além disso, 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental, como ansiedade e depressão. A OMS aponta que o problema está cada vez mais comum em todo o mundo e já atinge mais de 260 milhões de pessoas.

Importância do Janeiro Branco

Uma boa saúde mental é importante para qualquer pessoa e a OMS afirma que a saúde mental depende do bem-estar físico e social. O equilíbrio nos ajuda a desenvolver as capacidades individuais e coletivas, auxiliando nos pensamentos, emoções e interações com os outros e contribui ainda para aproveitar a vida.

Janeiro foi o mês escolhido para a campanha por ser o primeiro mês do ano, um mês de virada e de mudança, e o branco foi escolhido no sentido de que algo novo pode ser escrito. O Médico psiquiatra, Tiago Batista, explica que a importância da escolha é que o ano que acaba foi finalizado e não é possível mudar o que aconteceu e podemos olhar para frente para aquilo que ainda não está escrito e que a gente pode escrever da melhor maneira possível.

A  psicóloga, Abnílsa Durães, diz que achou a escolha do mês genial, porque em janeiro as pessoas estão sensibilizadas para repensar a própria vida e é importante fazer as pessoas refletirem também sobre a sua saúde mental. “Eu particularmente acho genial, porque é a fase que estamos mais dispostos a receber esse tipo de orientação, porque as pessoas geralmente fazem um questionamento da vida financeira, da vida conjugal, da saúde física, então é começar o ano pensando na saúde mental e vendo outros aspectos importantes da vida, e saúde mental basicamente é tudo”, disse.

A psicóloga lembra que falar sobre saúde mental é falar para além de um transtorno mental. O tema envolve qualidade de vida, a forma como o índividuo pensa sobre a vida, como lida e o que ele faz com a vida que tem, como está as relações dele e como que está a perspectiva dele para a vida em si. Para ela, a camapnha chegou para somar e é fundamental. “Muita coisa que envolve saúde mental, é o trabalho, é a família, é a profissão em si, como eu lido com a minha profissão, com os estudos, até minha saúde física tem uma importância muito grande, uma correlação com saúde mental”, contou.

Ações da Secretária de Saúde de Goiânia

A pesquisa da OMS mostrou que os brasileiros estão sofrendo com ansiedade e algumas pressões do cotidiano surgem no próprio ambiente de trabalho. Segundo a International Stress Management Association (Isma-BR), cerca de 32% dos trabalhadores brasileiros sofrem com os efeitos do stress, que é um dos primeiros sinais da Síndrome de Burnout .

“Goiânia têm algumas secretarias especializadas em saúde mental, 10 Caps, um ambulatório municipal de psiquiatria e temos o pronto socorro de psiquiatria Wassily Chuc. Temos ainda psicólogos que atendem nos Cais e Ciams enquanto ambulatório”, explicou a Gerente de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Goiânia, Helizett Santos de Lima Azevedo.

Os Caps, Centros de Atenção Psicossocial são unidades específicas para atendimento diário à pacientes psiquiátricos e pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Eles propõem tratamento e buscam a reinserção social dos pacientes pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e sociais. Segundo Helizett, a Secretaria de Saúde da Capital já trabalha o Janeiro Branco há alguns anos. A conscietização é promovida nas unidades de saúde com atividades mais específicas, como oficinas, momentos de roda de conversa, discussão sobre a importância da saúde mental enquanto adoecimento mental, mas também na perspectiva da saúde como um todo.

A gerente explicou como será realizada a campanha deste ano. “Agente pretende trabalhar junto às unidades de saúde da família e os centros de saúde, vamos mobilizar os psicólogos dos distritos. Goiânia conta com sete distritos sanitários, cada distrito tem pelo menos um psicólogo e esse psicólogo é o responsável pelas ações de saúde mental nesse território”, contou.

Rauane Rocha é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o IPHAC e a Universidade Federal de Goiás sob supervisão da jornalista Letícia Martins