Profissionais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) e da Defesa Civil realizaram uma nova vistoria no canteiro de obras, no Setor Sul, em Goiânia, onde na última quarta-feira (10) dois operários morreram soterrados após deslizamento de terra.

A primeira inspeção foi realizada no último sábado (13). O objetivo desta segunda vistoria foi verificar o cumprimento das ações emergenciais para estabilização do solo, conforme cobrança da empresa responsável pela obra.

O engenheiro civil Gustavo Vieira Botelho, contratado pela dona da obra, a Clínica do Esporte, explica o que já foi feito no local para evitar novos desmoronamentos, inclusive na Rua 124, onde está localizado o canteiro de obras, interditada no dia seguinte ao acidente.

“Foi feito um trabalho de estabilização do talude em 12 etapas. Na primeira etapa fizemos um reaterro, que garantiu a estabilização imediata e ao mesmo tempo nos deu condição de executar uma estrutura de concreto armado composta de estacas justapostas. Então hoje estamos com a via totalmente liberada, segura e com uma estrutura de concreto armado”, afirma.

Mesmo com a liberação do tráfego na Rua 124, a obra ainda continua embargada, como destaca o coordenador técnico da Defesa Civil, Sidicley Santana. “A medida de segurança foi atendida, então não há necessidade de interdição da via pública”, relata.

Segundo o gestor do departamento técnico do Crea-go, Edvaldo Maya, caso o serviço de contenção do solo tivesse sido feito antes do início da obra, a tragédia dos dois operários poderia ser evitada.

“Antes, se tivesse utilizado a técnica adequada, a tragédia seria evitada. O que preocupa o Crea-GO são duas notas que o representante da clínica e também da empresa apresentaram dizendo que não era necessário programa de segurança. O Crea-GO não concorda com isso, continua afirmando que construção civil é uma atividade de risco e vai cobrar esses programas nesse reinício da obra”, conclui.

Leia a nota da clínica na íntegra:

“Nota da Clínica do Esporte

Liberação da Rua 124 e execução do projeto de contenção

A diretoria da Clínica do Esporte informa que apresentou na manhã desta quarta, 17 de agosto, o andamento do projeto de contenção e estabilização da área situada na Rua 87 esquina com Rua 124, no Setor Sul, para vistoria da Defesa Civil e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO). Os órgãos avaliaram o o projeto de contenção e verificaram que todo o terreno está completamente estabilizado. Em virtude disso, a Rua 124 foi completamente liberada para o trânsito de veículos e pedestres.

Algumas manilhas permanecem ao lado da obra na Rua 124, mas somente “para garantir o prazo de cura do concreto”, como explica o engenheiro civil Gustavo Vieira Botelho, autor do projeto de fundação da obra e responsável técnico pela execução do trabalho de estabilização do terreno. Faixas refletivas serão colocadas nas manilhas para garantir a segurança de motoristas e pedestres que circularem à noite pela via.

O projeto de contenção e estabilização do terreno segue em andamento. Ele foi proposto pela clínica em conjunto com a J Aguiar Construtora logo após o acidente do dia 10 de agosto e está sendo realizado em duas etapas. A primeira correspondeu ao reaterro emergencial do local, que consistiu na colocação de aproximadamente 1.800 toneladas de terra num ângulo entre 45º e 60º, “uma inclinação que não oferece risco de desmoronamento”, conforme explica Gustavo Vieira Botelho.

Concluída no sábado, 13 de agosto, essa parte da intervenção já garantiu a estabilização do terreno, assegurou o engenheiro. Mas, ainda assim, o projeto incluiu uma segunda etapa de contenção, inciada no mesmo dia e que engloba a implantação de cerca de 130 estacas justapostas em concreto armado. “A execução das estacas garante a estabilidade do terreno e de toda a vizinhança de forma definitiva”, explica o engenheiro.

As estacas estão sendo colocadas ao longo de três dos quatro lados do perímetro da obra – em apenas um dos lados não serão implementadas, visto que já contava com essa estrutura. De acordo com o projeto, que foi aprovado pelo Crea-GO e Defesa Civil, cada estaca possui 40 centímetros de diâmetro, 60 centímetros de distância entre eixos de uma a outra e profundidade de 8 metros.  

O processo de execução das estacas ocorre da seguinte forma:

1º Um equipamento perfuratriz perfura a estaca até a profundidade de 8 metros;

2º Uma armação de aço é colocada em todo o comprimento da estaca;

3º A estaca é totalmente preenchida com concreto.

A clínica reitera que continua em contato direto com a Prefeitura de Goiânia, Defesa Civil, Crea-GO e demais órgãos competentes para trabalhar na resolução de todas as questões administrativas e estruturais referentes à obra, reafirmando seu compromisso de promover todas as correções e reparações para regularizá-la completamente. A Clínica do Esporte possui 24 anos de história no atendimento hospitalar em Goiás, com a missão de cuidar e salvar vidas.”