(Foto: Divulgação / SSP-GO)
O delegado do Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor), Rômulo Figueiredo de Matos, disse em entrevista à Sagres 730 que a Operação Cegueira Deliberada, que apura crimes de desvios de recursos públicos e corrupção no Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), encontrou uma série de irregularidades nos processos de licitação e que a empresa também está atuando em outros estados.
O inquérito da operação, aberto em agosto de 2015, ficou parado por quatro anos. Durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (7), o delegado-geral da Polícia Civil, Odair José Soares, afirmou que os delegados e policiais que tentavam investigar crimes de corrupção, eram obstruídos ou transferidos. O delegado da Geccor, afirmou nesta sexta-feira (8) à Sagres, que foi “convidado a se retirar” da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública.
“Eu saí de lá sem o meu consentimento, as pessoas que provocaram a minha saída que precisa explicar minha saída”, explicou. O delegado Rômulo Figueiredo havia sido transferido para Delegacia de Homicídios e revelou à Sagres que retornou só agora para o Grupo Especial de Combate à Corrupção.
Monopólio
A investigação do Geccor, de acordo com o delegado Rômulo Figueiredo, fez uma análise aprofundada na empresa Sanperes Avaliação e Vistorias de Veículos, na prestação dos serviços de vistoria veicular e de todos que atuaram no procedimento licitatório. Segundo ele, a ação ensejou em uma espécie de “monopólio da prestação de serviço”.
A Operação Cegueira Deliberada resultou na prisão de sete pessoas e no cumprimento de 55 mandados de busca e apreensão, sendo 32 contra pessoas e 23 contra empresas. A fraude, segundo o delegado da Geccor, foi iniciada no estado de Goiás, o “primeiro entre todos o Brasil a direcionar uma única empresa a prestação de serviços de vistoria veicular, isso nos chamou atenção porque quando diversas empresas prestam serviços, a tendência é que o valor daquele serviço seja mais baixo, em Goiás inovou negativamente concentrando esse serviço numa única empresa”, contou.
Segundo Rômulo, outros estados começaram a repetir o método, “interessante para quem arrecada”, mas “péssima para o usuário que paga por um serviço mais caro”, disse. Ele explicou que foi realizado um procedimento licitatório e que foi observado inúmeras irregularidades, que direcionava à Sanperes, como por exemplo, ilicitudes no procedimento, uso de documento falso, uso de laranjas e de empresas de fachada. “Ou seja, uma série de aberrações jurídicas para que uma empresa detivesse monopólio de serviço de vistoria”, afirmou.
Outro ponto ressaltado pelo delegado, foi a tarifa da vistoria superfaturada, que segundo ele, foi estipulada pela Associação Nacional de Vistoria Veicular. “Quem preside a Associação é um cidadão que foi preso e que nós comprovamos que faz parte do mesmo grupo de empresas que controla e domina a empresa que presta serviço”, revelou. “É um grupo de pessoas que detém esse monopólio em Goiás e no Brasil, eles iniciaram em Goiás foram para outros estados e daqui um tempo vão deter o monopolismo em nível nacional”, concluiu.