De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 51,8% da população brasileira é composta por mulheres. No entanto, apenas 15% do Congresso Nacional e 12% das prefeituras no Brasil são ocupados por representantes do sexo feminino.

Essa disparidade de ocupação da mulher na sociedade e na política embasou o trabalho da advogada eleitoralista Nara Bueno. Para ela, a participação em menor número das mulheres no cenário político é parte da história do país.

“Eu percebi que as mulheres eram pegas no laço, só no momento de registro de candidatura. Então elas acabavam caindo de paraquedas no processo eleitoral sem saber realmente o que esperar disso, sem ter recursos para gastar em campanhas e serem eleitas”, analisa.

Na busca pela igualdade na política, Nara Bueno escreveu o livro “Pequeno Manual das Mulheres no Poder”. “É um livro que pode ser lido de diversas maneiras, como: um guia prático para candidatas às próximas eleições, uma conversa pessoal comigo, que sou uma excelente contadora de boas histórias ou ainda como uma forma de ampliar conhecimentos sobre a relevância da representatividade feminina em todos os âmbitos da vida, sobretudo na política”, pontua.

Para Nara Bueno, para que o cenário político mude a favor da igualdade, é preciso haver discussões e, principalmente, mobilização. “É reformarmos todo o sistema vigente, partidário, fazermos com que as mulheres tenham mais acesso às decisões partidárias, e aí sim fazer decisões conscientes a respeito de como e onde serão gastos os recursos de campanha e também essa discussão aqui. Nós precisamos de uma mobilização. Essa mobilização percorre os caminhos institucionais, mas também os não formais, onde a mulher pode se conscientizar e se mobilizar”, defende.

Com o resultado das eleições de 2018, cresceu o número de mulheres no legislativo e se manteve o número de mulheres eleitas no Senado. Sete senadoras foram eleitas, assim como em 2010, e agora representam 13% da casa.

Na Câmara, 77 mulheres foram eleitas deputadas federais, entre 513 cadeiras (15%). Em 2014, foram 51. Já nas assembleias legislativas, foram 161 mulheres eleitas deputadas estaduais, entre 1.059 cadeiras. Em 2014, haviam sido 119.

“Democracia só é plena quando todos participam dela. Essa é uma postura, de fato, democrática, essencial para que a mulher se alce às esferas públicas e seja vista como um sujeito de poder“, afirma.

Assista à entrevista a seguir no Tom Maior #60