Pelo segundo dia consecutivo, o senador Demóstenes Torres, sem partido, usou a tribuna do Senado para defender seu mandato.  Oito dias antes da análise de seu processo de cassação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o senador contesta a transcrição feita pelos policiais federais. “Os autos foram de tal modo preparados para virar manchetes, que os agentes encarregados da transcrição puseram títulos nos diálogos”, ressaltou.

Ao nomear os depoimentos de “máquina de moer reputação”, Demóstenes mais uma vez questiona a postura da imprensa com o modo de divulgação das notícias. Segundo ele, “o título da transcrição virava o título do jornal em letras garrafais. O que o policial decidiu que era certo, virava certeza indiscutível”.

O senador sustentou os questionamentos exemplificando: “se em uma conversa de terceiros, alguém se referisse a outrem com apelido de gordo ou gordinho, o policial que transcreveu colocava na frente Demóstenes em maiúsculo, se alcunha fosse doutor ou falasse a palavra professor, escrevia Demóstenes também. Dezenas de agentes acompanharam os grampos, eles decidiram me transmutar, nos diversos gordos, gordinhos, professores e doutores citados nos grampos”.

Para mostrar a indignação dele com a transcrição das escutas, Demóstenes recorreu a sua biografia, mencionando que as denominações utilizadas pelos envolvidos nas escutas podem não se referir a ele. “Como eu nunca fui doutor, deixei de ser professor em 1987, e de ser gordo em janeiro de 2009, a única explicação é que não ligaram o apelido a pessoa. Menos para as manchetes, se no diálogo estava a palavra gordinho e a transcrição punha meu nome, mais um furo de reportagem com Demóstenes aprontando alguma, assim se desenhou o atual cenário”, justificou o senador.