O chamado “mal do século 21” foi o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para comemorar a data, no próximo dia 7. Um levantamento feito pela agência mostra que cerca de 300 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem da doença. O número alarmante corresponde a um aumento de mais de 18%, se observado o período entre 2005 e 2015.

Nesta segunda-feira (3), o gerente de Saúde Mental da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), Rogério Borges da Silva e o psicólogo e psicanalista da SES-GO, Miguel dos Reis Cordeiro Neto, discutiram o tema ao vivo no programa Cidadania em Destaque, da 730.

Ouça a seguir a entrevista na íntegra

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“A depressão é sutil e varia muito de um indivíduo para o outro. Ela pode leve, moderada ou grave. Quem apresenta algum destes tipos geralmente começa com um entristecimento, quer ficar recluso, não participa mais de atividades em grupo. Há situações também em que a pessoa está adoecida pela depressão, mas consegue mascará-la. Desta forma, quem convive não consegue identificar e, consequentemente, não conseguimos ajudar. E isto é até pior”, afirma Rogério.

O psicólogo Miguel dos Reis Cordeiro Neto exemplifica um caso de depressão mascarada e esclarece que a falta de autenticidade, principalmente em situações que envolvem o convívio em grupo.

“Perdi um colega, recentemente, que era o mais alegre que eu tinha. Cumprimentava todo mundo, brincava, contava piada, todos gostavam dele. Um dia soubemos que ele tinha suicidado. Ninguém entende como um homem como aquele suicida de uma hora para outra. E foi isso que o Rogério falou, ele mascarou. Normalmente identificamos pessoas que estão mascarando a depressão pelo comportamento estereotipado. Percebe-se que não é autêntico, que não é real, que está se escondendo alguma coisa”, explica.

A depressão acompanha a humanidade ao longo da história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si. De acordo com o Ministério da Saúde, é imprescindível o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado.

Sintomas

• humor depressivo ou irritabilidade, ansiedade e angústia;

• desânimo, cansaço fácil, necessidade de maior esforço para fazer as coisas;

• diminuição ou incapacidade de sentir alegria e prazer em atividades anteriormente consideradas agradáveis;

• desinteresse, falta de motivação e apatia;

• falta de vontade e indecisão;

• sentimentos de medo, insegurança, desesperança, desespero, desamparo e vazio;

• pessimismo, ideias frequentes e desproporcionais de culpa, baixa autoestima, sensação de falta de sentido na vida, inutilidade, ruína, fracasso, doença ou morte. A pessoa pode desejar morrer, planejar uma forma de morrer ou tentar suicídio;

• interpretação distorcida e negativa da realidade: tudo é visto sob a ótica depressiva, um tom “cinzento” para si, os outros e seu mundo;

• dificuldade de concentração, raciocínio mais lento e esquecimento;

• diminuição do desempenho sexual (pode até manter atividade sexual, mas sem a conotação prazerosa habitual) e da libido;

• perda ou aumento do apetite e do peso;

• insônia (dificuldade de conciliar o sono, múltiplos despertares ou sensação de sono muito superficial), despertar matinal precoce (geralmente duas horas antes do horário habitual) ou, menos frequentemente, aumento do sono (dorme demais e mesmo assim fica com sono a maior parte do tempo);

• dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos, como dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, constipação, flatulência, tensão na nuca e nos ombros, dor de cabeça ou no corpo, sensação de corpo pesado ou de pressão no peito, entre outros

Causas

A depressão é uma doença. Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos. Ao contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e sociais muitas vezes são consequência e não causa da depressão. Vale ressaltar que o estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que provavelmente é genética. A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresentam o problema em algum momento da vida.

Tratamento

O tratamento da depressão é essencialmente medicamentoso. Existem mais de 30 antidepressivos disponíveis. Ao contrário do que alguns temem, essas medicações não são como drogas, que deixam a pessoa eufórica e provocam vício. A terapia é simples e, de modo geral, não incapacita ou entorpece o paciente. Alguns pacientes precisam de tratamento de manutenção ou preventivo, que pode levar anos ou a vida inteira, para evitar o aparecimento de novos episódios. A psicoterapia ajuda o paciente, mas não previne novos episódios, nem cura a depressão. A técnica auxilia na reestruturação psicológica do indivíduo, além de aumentar sua compreensão sobre o processo de depressão e na resolução de conflitos, o que diminui o impacto provocado pelo estresse.

Com informações do Ministério da Saúde