Tentando esquecer a goleada sofrida para o Flamengo no último domingo, o Goiás Esporte Clube voltará a campo nesta noite, às 19h, contra o Avaí, em partida válida pela 11ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro. No Estádio da Ressacada, em Florianópolis, o esmeraldino tentará a vitória para “poder apagar o que aconteceu na semana passada”, como ressalta Tadeu.

Destaque da equipe neste Brasileirão, e um dos poucos que saíram por cima do 6 a 1 sofrido no Maracanã, mesmo após ter sido vazado seis vezes, o goleiro sabe da importância de reagir rapidamente do baque sofrido. Afina, a recuperação “passa muito pelo jogo de hoje, primeiramente cumprir a parte tática e o que a gente treinou, correr muito, se dedicar e fazer o possível para conseguir a vitória. Voltar a vencer para esquecer aquilo”, destaca.

Em entrevista especial e exclusiva ao repórter André Rodrigues, das Feras do Kajuru na Sagres 730, Tadeu abriu o jogo e contou sua história. Filho do Seu Élcio e da Dona Terezinha, cresceu no interior do Paraná em uma pequena cidade chamada Joaquim Távora. Seus pais ainda hoje moram na zona rural de Joá. Apaixonado por futebol, o goleiro conta que “sempre brinquei de futebol lá, muitas vezes sozinho, de bater a bola na parede e eu mesmo fazer a defesa”.

De origem humilde, se orgulha em poder fazer aquilo que o seu pai não teve oportunidade: a de jogar futebol profissionalmente. “O meu pai era craque“, mas, criado na roça, não chegou a ter a chance de Tadeu, que começou no futebol em 2007. “Tive uma oportunidade através de um primo, que era de Curitiba e conseguiu um teste para mim em uma equipe amadora. Fiz o teste e não passei, mas depois consegui outro teste para o Coritiba e entrei no sub-15. Passei por todas as categorias e me profissionalizei lá”, conta.

Antes disso, Tadeu precisou ralar na roça com o pai. Ou não, como, risonho, comenta que “cheguei a trabalhar, colher café, cortar arroz, feijão, milho, arar terra… Um pouquinho de cada coisa eu fiz, mas era um ‘migué’ danado, eu enrolava e não via a hora de a água acabar para buscar no rio. Mas o intuito do meu pai não era que eu pegasse pesado, e sim ensinar as coisas da vida, e para mim serviu, porque ele não teve oportunidade e acredito se ele tivesse tido uma escolha teria seguido outro caminho. E aquilo serviu para mim, porque se eu tivesse uma oportunidade, com certeza eu iria agarrá-la”.

O sucesso de Tadeu no futebol é relativamente recente e o goleiro, inclusive, chegou a pensar em parar de jogar profissionalmente três anos atrás. Seus pais, como sempre, foram essenciais para voltar atrás. “Sou grato, porque além deles terem feito tudo por mim, no momento mais difícil da minha carreira eu me dei mais uma oportunidade de seguir e tentar outra vez, quando Deus abriu as portas da Ferroviária para mim”.

(Foto: Rosiron Rodrigues – Goiás EC)

Revelado pelo Coritiba, não chegou a ter chances em Curitiba e foi emprestado três vezes. Em 2016, assinou com o Ceará, “um clube maravilhoso para trabalhar, com pessoas corretas e tudo que um jogador quer para trabalhar. Mas a minha cabeça não estava mais focada, já não via mais futuro no futebol e decidi sair”. Depois de quase dois meses parado, foi convencido pelos pais a retornar, quando surgiu o convite da Ferroviária.

“Em um sábado, recebi uma ligação do preparador de goleiros da Ferroviária. Quando estava no Coritiba, ele era do sub-17 e disse que tinha uma vaga para terceiro goleiro. Eu disse que ia, já que Araraquara era perto da minha casa. Na segunda-feira viajei para lá e desde então minha vida só alavancou”, frisa o goleiro, que se mostra mais maduro e consciente dos rumos da sua carreira.

Outra pessoa fundamental foi sua esposa Aline, que conheceu durante essa época e “me ajudou muito. Desde então comecei a ter outra visão, não só do futebol, mas da vida. No começo, você pensa muito na sua profissão, no dia a dia é só futebol, futebol e futebol, e com ela eu passei a dividir mais as coisas, e acho que isso deu certo para eu poder sair de um terceiro goleiro da Ferroviária para estar vestindo a camisa do Goiás”.

Aos 27 anos, vive o seu auge depois de se destacar na Série B pelo Oeste no ano passado e ter sido um dos melhores goleiros do Campeonato Paulista pela Ferroviária nesta temporada. Terceiro goleiro com mais defesas do Brasileirão, tem sido a principal força do sistema defensivo esmeraldino e acredita que “estou vivendo meu sonho, que era disputar a Série A por um clube grande. Hoje a minha vontade é permanecer aqui”.

Além do mais, há o fator Goiânia. “Como eu disse, você não pode pensar só no lado profissional, tem que pensar no lado familiar também. Minha esposa amou a cidade, minha filha (Isabela) nasceu aqui e a gente quer que ela cresça em Goiânia.É para isso que estou trabalhando, me dedico e tento fazer o meu melhor todos os jogos para que possa dar certo e construir uma bela história aqui dentro”, destaca.

Com mais de 800 jogos pelo Goiás, Harlei é uma referência para qualquer goleiro que chega no clube, como destacado pelo próprio Tadeu, que ressalta que o hoje dirigente, presente na parte administrativa do esmeraldino, “é um espelho para mim, porque ele tem uma história linda e maravilhosa aqui dentro. Acho que para isso servem os ídolos. Quando o cara se torna ídolo do clube é para que quem chega tenha alguém para se espelhar. Não para fazer igual ou melhor, porque o que ele fez aqui eu vejo que ninguém mais vai fazer”.

Mas afinal de contas, por que ser goleiro? “Onde moro brincava na linha e no gol, mas sempre fui apaixonado pela posição de goleiro. Os meus amigos até brincavam no começo: ‘poxa, você joga muito bem com os pés, por que não tentou jogar na linha?’. Mas é questão de amor à posição e a minha escolha foi por isso”, detalha. Apesar de ter Harlei como exemplo, seu grande ídolo, no entanto, vestiu a camisa de outro clube verde.

“O cara que mais chamou minha atenção foi o Marcos, que fez história no Palmeiras. Algo que ficou muito marcado para mim foi uma decisão por pênaltis, se não me engano na Libertadores, que ele pegou o último pênalti e foi sensacional. Ali foi um momento marcante, quando eu tinha seis ou sete anos e me lembro bem porque dali comecei a ter ele como um espelho”, conta Tadeu.

Marcos, protagonista na Libertadores de 2000, quando defendeu a cobrança de Marcelinho Carioca, segue um perfil parecido do paranaense, que destaca que “além de ser um grande goleiro, também é uma pessoa que veio do interior, de família humilde, conquistou seu espaço e foi muito feliz”. Antenado no futebol europeu, Tadeu ainda destacou que Marc-André ter Stegen, do Barcelona é o melhor goleiro do futebol hoje: “ele é muito completo, é diferenciado em todos os aspectos e está um passo à frente dos demais”.

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