A cidade lutou para fazer prosperar leis que estimulem o incentivo cultural e o fato é que os que não conseguem prestar contas os recursos conquistados estão indignados por seus nomes terem sido veiculados pela Rádio 730. Só pode ser brincadeira! O rombo, em quatro anos, entre 2008 e 2012, chega a dois milhões de reais.
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O valor pode ser ainda maior. Desde que foi criada a Lei de Incentivo à Cultura do Município de Goiânia, não existiam instrumentos que possibilitasse a fiscalização da captação dos recursos e a execução dos projetos. Atualmente, criou-se um escritório, para gerir o programa, que consiste em beneficiar projetos culturais com a concessão de renúncias fiscais.
Um calote que atinge contribuintes goianienses que pagam os seus tribunos ao município. Aliás, o logro supera o da Lei Goyazes, patrocinada pelo governo goiano que, em seus quase 12 anos de existência, não consegue a prestação de contas de 33 produtores culturais. Um prejuízo que totaliza cerca de R$ 1,6 milhão.
Um cenário sombrio do setor cultural goianiense. É para assustar! Entretanto, o que mais choca em todo esse ambiente são os choros, reclamações e rangeres de dentes de uma parcela dos 124 beneficiários, que apresentam alguma pendência em suas prestações de contas. Entre a arrogância e a ausência do traquejo social, questionam a publicização dos seus nomes, ao invés de buscarem a Secretaria da Cultura de Goiânia para descortinarem as dúvidas e sanarem os possíveis problemas.
Entre eles os nomes relacionados pela Secult municipal estão figuras conhecidas da seara cultural urbana, como o do criador do projeto Grande Hotel revive o choro e músico Oscar Wilder Aires da Silva, o do agitador cultural PX Silveira, o do folclorista Bariane Ortêncio, o do jornalista e imortal da Academia Goiana de Letras, Hélio Rocha, o do maestro Otávio Henrique Soares Brandão e o da própria Academia Goiana de Letras.
Independente do atavismo rural da sociedade goiana, o mundo mudou. Independente de serem ou não cobrados pelo poder público, as pessoas que realizam negócios com o as administrações públicas precisam ser mais zelosas, senão com o coletivo, ao menos com seus nomes e histórias. Ninguém foi acusado de má-fé, apesar de todos os 124 nomes terem sido procurados pela Secult, pelo Escritório da Lei e pela Procuradoria Geral do Município e não terem retornado para saber do que se tratava.
A questão é de credibilidade histórica e não de sentença por improbidade administrativa. O momento é de prudência para as personalidades reativas. Levou-se décadas para que os governos municipal e estadual se dessem conta que cultura é direito de todos e dever das administrações públicas. Por que soterrar um sonho viabilizado? Os mortais quando deixam de pagar suas contas vão para o livro negro dos devedores. Promotores culturais são semideuses?