Era para ser apenas o aumento da passagem. Mas o povo foi além. Protestou contra a corrupção no país, contra os altos custos da Copa, contra o projeto de tratamento homossexual aprovado pela Comissão dos Direitos Humanos, pelos governos estaduais e federal e por muito, muito mais. O dia 20 de junho de 2013 se tornou, sem dúvidas, um dos dias mais importantes da história contemporânea do país.

Em Goiânia tudo começou na Internet. Pelas redes sociais, os goianienses marcaram a Sexta Manifestação Contra o Aumento da Passagem. Aos poucos o número de acedências aumentava. Até que chegou a 70 mil confirmados. Pelo menos 90% deles saíram da tela e foram às ruas nesta quinta-feira (20).

Como anunciado no evento, os protestantes começaram a se concentrar por volta do meio-dia na Praça do Bandeirante. Às 14h pelo menos 500 manifestantes já estavam reunidos no local. Nesta hora, um ônibus do Eixo Anhanguera foi parado por um grupo de manifestantes, obrigando os passageiros a descer, segundo a Polícia Militar.

Às 14h30 a Rede Metropolitana de Transporte Coletivos (RMTC) interditou as principais vias de acesso ao Centro e desviou a rota do transporte coletivo. Outras ruas e avenidas também foram interditadas pela Secretaria Municipal de Trânsito (SMT).

Por volta das 15h, pelo menos mil manifestantes já estavam concentrados entre a Avenida Goiás e Anhanguera fechando o trânsito das duas vias. Do alto, a Polícia Militar monitorava a chegada dos grupos para o início da marcha. Em terra, a PM entregava rosas brancas pedindo paz no protesto. Foi o que aconteceu na maior parte dele. Até às 20h, a PM não registrava nenhuma ocorrência referente ao manifesto na capital goiana.

Muita gente…

MANIFESTO AEREOÀs 17h a PM calculava 20 mil pessoas nas ruas de Goiânia. Manifestantes dos mais diferentes possíveis; integrantes do grupo LGBT, sindicatos, partidos políticos, estudantes e famílias inteiras. Às 18h o grupo que estava na Praça do Bandeirante começou a subir a Avenida Goiás. Juntos eles gritavam “vem pra rua”, uma das temáticas centrais do manifesto. Outro grupo subia a Avenida Tocantins. Quinze minutos depois, a repórter Izadora Louise informou que a Praça Cívica, Avenida 84, 87, Tocantins, Goiás e paralelas estava, completamente tomadas pela multidão.

A manifestação tomou fôlego na Praça Cívica. Unidos e com a bandeira do Brasil, os ativistas cantavam o hino nacional e em coro: “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.

Às 20h alguns manifestantes queriam se dividir em blocos. Um grupo decidiu ir para a Assembleia Legislativa de Goiás e outro para a Praça Universitária. Uma votação foi feita e a maioria escolheu subir a Avenida 85 para protestar. Outros também seguiram para a Praça do Cruzeiro e Praça Universitária. O grupo presente na Assembleia chegou a soltar um foguete em direção ao prédio, a Tropa de Choque da PM fez um cordão de isolamento e evitou o confronto inicial.

Violência

Quando a maioria dos manifestantes que protestavam pacificamente já havia retornado para casa, um pequeno grupo, mais radical, tentou invadir a sede da Assembleia Legislativa. O local foi protegido pelo batalhão de choque. Manifestantes jogaram pedras nos policiais, que revidaram com balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. A cavalaria foi chamada para ajudar a controlar a situação.

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Crédito das fotos: Leoiran Fotosshows / Patrícia Oliveira / Thiago Martins / Rafael Ceciliano / Gerliezer Paulo