A cada ano, a demanda global por recursos naturais ultrapassa a capacidade do planeta de regenerar esses recursos ao longo de 365 dias e, em 2024, essa data, conhecida como Dia da Sobrecarga da Terra, será em 1º de agosto. Em apenas sete meses, a humanidade consumiu todos os recursos naturais disponíveis para o ano, gerando resíduos e gases de efeito estufa além da capacidade de absorção do planeta.

A Global Footprint Network calcula essa data anualmente, considerando a biocapacidade da Terra e a pegada ecológica humana. Quanto mais cedo a data, mais cedo ultrapassamos os limites de regeneração ambiental. Em 1971, a data caiu em 25 de dezembro. Hoje, consumimos 1,7 planetas por ano, evidenciando um aumento na demanda por serviços ambientais.

Os efeitos do consumo excessivo são visíveis: desflorestação, erosão do solo, perda de biodiversidade e aumento do dióxido de carbono na atmosfera. Esses fatores contribuem para eventos climáticos extremos e diminuem a produção de alimentos.

“O Dia da Sobrecarga da Terra é uma data que exige reflexão e ações de todos nós. É como se uma pessoa gastasse todo o salário do mês em pouco mais de duas semanas e, a partir daí, precisasse sempre de um adiantamento. Essa conta não fecha”, alerta Felipe Seffrin, coordenador de comunicação do Instituto Akatu, organização da sociedade civil que atua há mais de 23 anos pela mobilização da sociedade para o consumo consciente e a sustentabilidade.

Crises climáticas e eventos naturais extremos

Segundo especialistas do Instituto Akatu, o Dia da Sobrecarga da Terra está ligado a crises climáticas e eventos naturais extremos, como as enchentes no Rio Grande do Sul.

“A partir do momento em que ultrapassamos os limites ambientais, o planeta entra em desequilíbrio e ficamos mais expostos a uma série de consequências, como a crise climática, a perda da biodiversidade, secas profundas, chuvas em excesso e até escassez de alimentos”, explica Felipe.

A campanha #MoveTheDate da Global Footprint Network busca adiar essa data, promovendo a redução do consumo de recursos naturais e a emissão de poluentes. Reduzir as emissões de CO2 em 50% poderia adiar essa data em três meses, demonstrando que soluções estão ao nosso alcance e são economicamente viáveis.

O Akatu, atuando na educação ambiental por mais de 20 anos, destaca a necessidade de um esforço conjunto de indivíduos, empresas e governos para mudanças significativas. “Todos nós podemos fazer a nossa parte adotando estilos de vida mais saudáveis e sustentáveis, como evitar o desperdício de água, energia e alimentos ou fazer o descarte adequado dos nossos resíduos”, exemplifica Felipe.

Práticas conscientes

Adotar práticas conscientes de consumo, uso e descarte de produtos pode reduzir a demanda por recursos naturais e a pegada ecológica, inspirando mudanças positivas.

Dados da Global Footprint Network mostram que a regulação do mercado de carbono (63 dias), o uso de energias renováveis (29 dias) e a redução do desperdício de alimentos (13 dias) poderiam adiar significativamente o Dia da Sobrecarga da Terra.

“O desequilíbrio ambiental tem consequências sociais e econômicas graves para todos. Daí a importância e — a urgência — de cada um de nós fazer a sua parte”, finaliza.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática

Leia também: